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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019
O LIVRO RASTRO DE SANGUE,HISTÓRIA DA IGREJA BATISTA
1
"O RASTO DE SANGUE"
Por: J. M. CARROLL
Acompanhando os cristãos através dos séculos
ou
A história das Igrejas Batistas, desde o tempo de Cristo, seu fundador, até os nossos dias.
INTRODUÇÃO: POR CLARENCE WALKER
Primeiro. O Dr. J. M. Carroll, autor deste livro, nasceu no Estado de Arkansas em 8 de
janeiro de 1858 e faleceu em Texas a 10 de janeiro de 1931. Seu pai foi pastor batista e se mudou
para Texas quando o irmão Carroll tinha apenas 6 anos de idade. Em Texas ele se converteu, foi
batizado e consagrado ao ministério. O Dr. Carroll não se tornou somente um líder entre os
batistas texanos, mas um líder influente entre os batistas do Sul dos E.U.A. e do mundo.
Há anos passados ele veio para a nossa igreja e nos trouxe as mensagens encontradas
neste opúsculo. Ouando ele assim fazia me tornei grandemente interessado nos seus estudos. Eu
também tinha feito pesquisas especiais em torno da História da Igreja, bem como sobre qual seria
a mais antiga igreja e a que mais se parece com as Igrejas do Novo Testamento.
O Dr. J. W. Porter ouviu os discursos. Ficou bastante impressionado e consultou o irmão
Carroll se ele escreveria as mensagens para serem publicadas num livro. Ele acedeu e as
escreveu, autorizando o Dr. Porter a publicá-las, juntamente com o mapa anexo, que ilustra a
história assim vividamente.
Infelizmente o irmão Carroll faleceu antes que o livro fosse tirado do prelo, mas o Dr.
Porter o colocou à venda e a edição foi prontamente vendida. Agora, pela graça de Deus,
lançamos esta edição. Desejo pedir a todos que lerem e estudarem estas páginas que unam suas
orações às minhas, no esforço por tornar sempre crescente o seu número de leitores:
"E demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistéiro que desde os séculos esteve
oculto em Deus, que tudo criou; para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus
seja conhecida... A esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações para todo o
sempre. Amém”. Efésios 3:9, 10, 21.
Segundo. Era maravilhoso se ouvir o Dr. Carroll contar como se tornou interessado na
história das diferentes denominações - principalmente na sua origem. Ele escreveu este livro
depois de 75 anos de idade, todavia ele disse: "Converti-me a Deus, quando era ainda menino. Vi
as diversas denominações e me interessei por saber qual delas teria sido a igreja fundada pelo
Senhor Jesus".
Quando ainda jovem ele sentiu que no estudo das Escrituras e da História, acharia a igreja
mais antiga e mais semelhante às igrejas descritas no Novo Testamento.
Esta pesquisa da verdade conduziu-o a muitos lugares e habilitou-o a adquirir uma das
maiores bibliotecas sobre a História da Igreja. Esta biblioteca foi oferecida após a sua morte ao
Seminário Teológico Batista do Sudoeste, em Fort Worth, Texas, Estados Unidos da América.
Dr. Carroll encontrou muita coisa sobre a História da Igreja em geral, principalmente
sobre a história dos católicos e protestantes. Ele descobriu que a história dos batistas foi escrita
em sangue. Os batistas suportaram o ódio do povo na "Idade de Trevas". Seus pregadores e
membros foram encarcerados e um sem número deles foi morto. O mundo nunca presenciou algo
que se compare à perseguição sofrida pelos batistas na Idade Média, por imposição da Hierarquia
Católica. O papa era o ditador do mundo; por causa disto os Anabatistas de antes da Reforma,
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chamavam-no de Anti-Cristo.
Sua história está escrita nos documentos legais e papéis avulsos daquele tempo. E é
através desses testemunhos que os "RASTOS DE SANGUE" serpeam no caminho dos séculos,
como se pode notar na seguinte narração:
"Em Zurich depois de muitas disputas entre Zwinglio e os Ana-batistas, o Senado
promulgou uma lei, segundo a qual, aquele que se atrevesse a batizar alguém que tivesse sido
batizado antes, na infância, fosse afogado!
Em Viena muitos Anabatistas foram ligados uns aos outros por cadeias, sendo então
arrastados até ao rio, onde, um a um, foram todos afogados". (Vide Supra, pg. 61).
Em 1539, A. D. dois Anabatistas foram queimados além de Southwark e um pouco antes
deles cinco Anabatistas holandeses foram também queimados em Smithfield" (Fuller Church
History).
"No ano 1160 um grupo de Paulicianos (Batistas) entrou em Oxford. Henrique II ordenou
que eles fossem publicamente marcados a ferro na testa e açoitados através das ruas, com as
vestes cortadas até a cintura, sendo, finalmente, enxotados para as estradas. Nas aldeias não lhes
podia ser fornecido qualquer abrigo ou alimento e eles lentamente pereceram de fome e de frio" (
Moore, Earlier and Later Nonconformity, in Oxford 12).
O velho cronista Stowe, 1533 D. C, relata: "A 25 de maio na igreja de São Paulo em
Londres foram interrogados 19 homens e seis mulheres. Catorze deles foram condenados; um
homem e uma senhora foram queimados em Smithfield e os outros 12 foram enviados a outras
cidades para serem ali queimados.
Froude, historiador inglês, diz desses mártires anabatistas: "As minúcias são todas
perdidas, seu nomes também o são. Isto não importa à narrativa. Para eles a Europa não estava
agitada; o tribunal não recebeu ordens de observar a luta, o coração dos seguidores do Papa não
tremia de indignação. A sua morte o mundo olhava com complacência, ou indiferença ou mesmo
com alegria. Ainda assim, de 25 pobres homens e mulheres haviam achado 14 que nem pelo
terror da fogueira ou da tortura, seriam tentados a dizer que não criam naquilo em que realmente
cressem. A História não tem para eles palavras de louvor, mas ainda assim eles não estavam
dando o seu sangue em vão. Suas vidas poderiam ter sido inúteis, como a vida de muitos de nós.
Mas com sua morte eles ajudaram a pagar o preço da liberdade inglesa.
De igual modo nos escritos dos inimigos tanto quanto nos de seus amigos, o Dr. Carroll
descobriu a História Batista e os rastos sanguinolentos que eles deixaram através dos séculos.
O cardeal Hosius, cató1ico, 1524, presidente do Concílio de Trento, escreveu: "Não fosse
o fato de terem os batistas sido penosamente atormentados e apunhalados durante os 12 últimos
séculos e eles seriam mais numerosos mesmo do que todos os que vieram da Reforma!"
Nos mil e duzentos anos que precederam à Reforma, Roma atormentou os batistas com a
mais cruel perseguição que se possa imaginar.
Sir Isaque Newton assim se expressou: "Os batistas são o único corpo de cristãos que
nunca tiveram similitudes com Roma".
Mosheim, luterano escreveu: "Antes de se levantarem Lutero e Calvino, estava ocultas
em quase todos os países da Europa pessoas que seguiam tenazmente os princípios dos modernos
Batistas Holandeses".
Enciclopédia de Edinburg (autor Presbiteriano): "Nossos leitores percebem agora que os
Batistas são a mesma seita dos Cristãos que antes foram descritos como Anabatistas. Realmente
parece ter sido o seu princípio dominante desde o tempo de Tertuliano até o presente".
Tertuliano nasceu exatamente 50 anos depois da morte do apóstolo João.
Terceiro. Os batistas não crêem na sucessão apostólica. O ofício apostólico cessou com a
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morte dos apóstolos. As suas Igrejas, que Cristo prometeu uma contínua existência desde quando
organizou a primeira delas durante o seu ministério terrestre até que ele venha outra vez, ele
prometeu: "Edificarei a minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela"
Mateus 16:18.
Quando ele proferiu a Grande Comissão, que foi confiada à Igreja para execução, ele
prometeu: "Estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos". Mateus 28:20.
Esta Comissão - este trabalho - não foi dado aos apóstolos como indivíduos, mas a eles e
aos demais presentes na sua capacidade de membros de Igreja. Os apóstolos e demais que o
ouviram pronunciá-la, cedo morreram. Mas, sua Igreja tem vivido através dos séculos, fazendo
discípulos, batizando-os e ensinando-lhes a verdade - as doutrinas - que ele comissionou à Igreja
de Jerusalém. E as igrejas fiéis têm sido abençoadas com a sua presença, palmilhando com Ele
através dos Rastos de Sangue.
Esta história mostra como a promessa do Senhor às suas igrejas tem sido cumprida. O Dr.
Carroll mostra que igrejas tem sido encontradas em todos os séculos, que ensinam as doutrinas
comissionadas por Cristo a elas. Ele chama a essas doutrinas "característicos" das Igrejas do
Novo Testamento.
CARATERÍSTICOS DAS IGREJAS BATISTAS DO NOVO TESTAMENTO
1. Seu Cabeça e Fundador: Cristo. Ele é o legislador; a igreja só executa essas leis.
Mateus16:18; Colosenses 1:18.
2. Sua única regra de fé e prática: a Bíblia. II Timóteo 3:15-17.
3. Seu nome: "Igreja" ou "Igrejas". Mateus 16:18; Apocalipse 22:16.
4. Seu governo: Democrático, todos os memhors iguais. Mateus 23:5-12, Atos 6:1-6,
1:15-26.
5. Seus membros: Somente pessoas salvas. Efésios 2:21, 1 Pd. 2:5, Atos 2:47.
6. Suas ordenanças: Batismo dos crentes e depois disto a Ceia do Senhor. Mateus 28:14-
20.
7. Seus oficiais: Pastores e diáconos. I Timóteo 3:1-16.
8. Seu trabalho: Pregar a salvaçao às pessoas, batizando-as com um batismo que concorde
com todas as exigências da Palavra de Deus, "ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos
tenho mandado". Mateus 28:16-20.
9. Seu plano financeiro: “Assim (dízimos e ofertas) ordenou também o Senhor aos que
anunciam o Evangelho, que vivam do Evangelho". I Coríntios 9:14.
10. Suas armas de combate: Espirituais e não carnais. II Coríntios 10:4, Efésios 6:10-20.
11. Sua independência: Separação entre a Igreja e o Estado. Mateus 22:21.
Quarto. Em qualquer cidade onde existam diferentes igrejas, todas proclamam ser a
verdadeira. Dr. Carroll fez como o senhor pode fazer agora: tome os característicos ou ensinos
das diferentes igrejas e verifique quais delas apresentam esses característicos ou doutrinas. As
que os possuírem conforme ensinados na Palavra de Deus, serão as verdadeiras igrejas.
Dr. Carroll seguiu este método no exame das igrejas de todos os séculos. Ele encontrou
muitas que se afastaram desses "caraterísticos ou doutrinas". Outras igrejas, contudo, ele
encontrou que mantinham estes característicos em cada dia e em cada época assim como disse
Jesus:“Edificarei a minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela". Mateus
16:18. "Estou convosco todos os dias até à consumação dos séculos". Mateus 28:20.
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RASTO DE SANGUE
Ou
Seguindo os cristãos através dos séculos, desde os dias de Jesus até o tempo presente.
Ou
para dizer diferente, mas ainda expressivamente; "A História das Doutrinas como
ensinadas por Cristo e seus apóstolos e aqueles que tem sido leais a elas."
CAPÍTULO I
"Lembra-te dos dias da antiguidade, atenta para os anos de muitas gerações: pergunta a
teu pai e ele te informa, aos teus anciãos e eles te dirão". Deuteronômio 32:7.
1. O que conhecemos hoje como "Cristianismo" ou religião cristã começou com Cristo
entre os anos 25 e 30 da nossa era, dentro dos limites do Império Romano. Este foi um dos
maiores impérios que o mundo tem conhecido em toda a sua história.
2. O Império Romano abrangia quase a totalidade do mundo conhecido e habitado.
Tibério Cesar era o seu imperador.
3. Quanto à religião o Império Romano era pagão. Tinha uma religião politeísta, isto é, de
muitos deuses. Alguns eram deuses materializados e outros deuses imaginários. Havia muitos
devotos e adoradores desses deuses. Não era simplesmente uma religião do povo, mas também to
império. Era uma religião oficial. Estabelecida por lei e protegida pelo governo. (Mosheim
Sancionada, vol. 1, cap. 1).
4. O povo judeu deste período não constituia propriamente uma nação separada, uma vez
que se encontravam judeus espalhados através de todo o Império. Eles tinham ainda o seu templo
em Jerusalém e ali vinham adorar a Deus; estavam, pois, ciosos da sua religião. Mas,
semelhantemente aos pagãos encheram-se de formalismo e perderam seu poder. (Mosheim, col.
1, cap. 2).
5. Não sendo a religião de Cristo uma religião deste mundo, não é temporal. Sua Igreja
não procurou secularizar-se, nem obter qualquer apôio de qualquer governo. Ela não procurou
destronar a César. Disse Jesus: "Dai pois a César o que é de César e a Deus o que é de Deus"
Mateus 22:19-22; Marcos 12:17; Lucas 20:20. Sendo uma religião espiritual, não visava
rivalizar-se com os governos terrenos. Seus aderentes, ao contrário, eram ensinados a respeitar
todas as leis civis, como também os governos. Romanos 13:1-7, Tito 3:1, I Pedro 2:13-16.
6. Desejamos agora chamar sua atenção para alguns dos característicos ou sinais desta
religião, a religião cristã. O leitor e eu vamos traçar uma linha através destes 20 longos séculos, e
com especialidade, através dos 1.200 anos de trevas da meia-noite, escurecidos pelos rios e
mares do sangue mártir, razão porque necessitamos compreender bem estes característicos. Eles
serão muitas vezes terrivelmente desfigurados. Não obstante haverá sempre algum característico
indelével. Mas, ainda nos deixarão de sobreaviso, cuidadosos e suplicantes. Encontraremos muita
hipocrisia como também muita farça. É possível que até escolhidos sejam enganados e traídos.
Desejamos se for possível, traçar através da história verossímil, mas principalmente através da
história verdadeira e infalível, palavras e característicos da verdade divina.
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ALGUNS CARACTERÍSTICOS CERTOS E INFALÍVEIS
Atravessando os séculos encontramos um grupo ou grupos de pessoas fugindo à
observância destes característicos distintivos e enunciando outras coisas além das doutrinas
fundamentais, portanto, tomemos cuidado.
1. Cristo, o autor da religião cristã, reuniu seus seguidores numa organização, a que
chamou "Igreja". E aos discípulos competia organizar outras igrejas como também "fazer" outros
discípulos. (Bap. Successions - Ray - Rivised Edition, 1º cap.).
2. Nesta organização, ou Igreja, de acordo com as Escrituras e com a prática dos
apóstolos, desde cedo foram criadas duas classes de oficiais e somente duas: pastores e diáconos.
O pastor era também chamado "bispo". Ambos eram escolhidos pela Igreja, e para servirem à
Igreja.
3. As Igrejas no seu governo e disciplina eram inteiramente separadas e independentes
entre si. Jerusalém não tinha autoridade sobre Antioquia; nem Antioquia sobre Éfeso; nem Efeso
sobre corinto e assim por diante. Seu governo era democrático. Um governo do povo, pelo povo,
e para o povo.
4. A Igreja foram dadas duas ordenanças, e somente duas, o Batismo e a Ceia do Senhor.
São memoriais e perpétuas.
5. Somente os "Salvos" eram recebidos para membros das Igrejas. (Atos 2:47). Eram
salvos unicamente pela graça, sem qualquar obra da lei (Efésios 2:5, 8, 9). Os salvos e eles
somente deviam ser imersos em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (Mateus 28:19). E
unicamente os que eram recebidos e batizados participavam da Ceia do Senhor, sendo esta
celebrada somente pela Igreja e na capacidade de Igreja.
6. Somente as Escrituras Sagradas e, em realidade, o Novo Testamento são a única regra
de fé e de vida, não somente para a Igreja como organização, mas também para cada crente como
indivíduo.
7. Cristo Jesus, o fundador da igreja e o salvador de seus componentes, é o seu único
sacerdote e rei, seu senhor e legislador e único cabeça das igrejas. Estas executavam
simplesmente a vontade do seu Senhor expressa em suas leis completas, nunca legislavam ou
emendavam ou abrogavam velhas leis ou formulavam novas.
8. A religião de Cristo era individual, pessoal e puramente voluntária ou persuasiva. Sem
nenhuma compulsão física ou governamental. Uma matéria de exame individual e de escolha
pessoal. "Escolhei" é a ordem das Escrituras. Ninguém seria aceito ou rejeitado para viver como
crente, por procuração ou compulsão de outrem.
9. Note bem! Nem Cristo nem os seus apóstolos deram em qualquer tempo aos seus
seguidores designações como "Católico", "Luterano", "Presbiteriano", "Episcopal", etc. A não
ser o nome dado por Cristo a João, que passou a ser chamado "O Batista", 'Joao O Batista".
Mateus 11:11 e 10 ou 12. Outras vezes, Cristo chamou "discípulo" ao indivíduo que o seguia.
Dois ou mais seguidores eram chamados "discípulos". A assembléia de discípulos, quer em
Jerusalém ou Antioquia ou outra qualquer parte era chamada "Igreja".
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Se eles fossem se referir a mais de uma destas organizações autônomas, as nomeariam
como "Igrejas". A palavra "igreja", no singular, nunca foi usada para designar mais de uma
destas organizações. Nunca igualmente serviu para designar a totalidade delas.
10. Arrisco em dar mais um característico distintivo. Chamá-lo-ei a completa separação
entre a Igreja e o Estado. Não combinação, não mistura da religião com o governo secular. E
adiciono a isto a completa liberdade religiosa para todos.
E agora, antes de prosseguir com a história religiosa propriamente, deixai-me dizer
alguma coisa sobre o MAPA.
MAPA
Creio que se o leitor estudar cuidadosamente o mapa colocado no apêndice deste livro,
compreenderá melhor a História e ajudará a sua memória em reter aquilo que ouvir e ler.
Lembre-se que esse mapa pressupõe cobrir um período de 2.000 anos de história
religiosa.
Observe agora em cima e em baixo do mapa as indicações - 100, 200, 300, até 2.000. Elas
representam os 20 séculos, sendo que cada século aparece separado pelas linhas verticais.
Observe-o agora, quase em baixo. Há uma linha reta que corre da esquerda para a direita ao
longo de todo o mapa.
As linhas longitudinais guardam mais ou menos as mesmas distâncias das linhas
verticais. Mas o leitor não pode vê-las em todo o percurso. Elas estão cobertas por muitos pontos
pretos, os quais representam a época que é conhecida como "A Idade das Trevas" ou “A Idade
Média”. Serão explicadas depois.
Entre as duas linhas inferiores estão os nomes dos países: Itália, Inglaterra, Espanha,
França, etc., terminando com a América do Norte. Estes são os nomes dos países onde grande
parte da história se desenrolou, sendo que os fatos aparecem ligados aos nomes dos países onde
se deram. Certamente que nem toda a história se deu nesses países, mas alguns de seus fatos
neles ocorreram, dentro de determinados períodos. Alguns fatos notáveis da História se deram
nesses países naquelas épocas especiais.
Agora, observe outra vez quase em baixo do mapa, outras linhas ou pouco mais elevadas.
Compreendem também um pouco da "Idade das Trevas" e estão cheias de nomes, mas desta vez
não são nomes de países. Elas contêm todas as alcunhas ou nomes que lhes foram dados por seus
inimigos. Cristãos - este é o primeiro: "E em Antioquia foram os discípulos pela primeira vez
chamados cristãos". Atos 11:26. Isto ocorreu no ano 43 D. C. mais ou menos. Qualquer judeu ou
pagão usava este nome contra os cristãos como um meio de escarnecê-los. Todos os demais
nomes desta coluna foram dados de igual maneira: Novatistas, Montanistas, Donatistas,
Paulicianos, Albingenses, Waldeneses, etc. e Anabatistas. Todos estes apareceram depois e serão
apresentados com o correr do estudo.
Mas, olhe novamente o mapa. Veja os círculos vermelhos. Eles estão espalhados em todo
ele. Representam igrejas. Somente igrejas locais, na Ásia, na África, na Europa, nas montanhas e
nos vales e assim por diante. Visto que o vermelho representa o sangue, elas representam o
sangue dos mártires. Cristo, seu fundador morreu na cruz. Todos os outros, senão dois, João e
Judas, sofreram o martírio. Judas traiu o seu Senhor e suicidou-se. João, segundo a tradição, foi
lançado em um grande caldeirão de óleo quente.
Poderia notar agora alguns círculos que estão salpicados de preto. Eles representam
igrejas também. Mas igrejas desviadas. Igrejas que se tornaram erradas na vida e na doutrina.
Houve certo número destas mesmo antes da morte de Pedro, Paulo e João.
Tendo terminado a introdução geral e dado algumas preliminares essenciais passemos à
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história regular.
PRIMEIRO PERÍODO: 30 A 500 D. C.
1. Sob a liderança maravilhosa e singular de João o Batista, o homem eloqüente do
deserto e sob a delicada influência e milagres e serviços do próprio Cristo e a maravilhosa
pregação dos 12 apóstolos e os imediatos, a religião cristã se desdobrou poderosamente nos
primeiros 500 anos de sua história. Contudo, por outro lado um terrível rasto de sangue deixou
atrás de si. O judaismo e paganismo contestaram amargamente todo o avanço do movimento.
João o Batista foi o primeiro dos grandes líderes a dar sua vida. Sua cabeça foi cortada. Logo em
seguida, vem o próprio Salvador, o fundador da religião cristã, que morreu na cruz. A cruel
morte de cruz.
2. Seguindo seu Salvador em rápida sucessão muitos outros heróis foram derrubados pelo
martírio. Estêvão foi apedrejado, Mateus morto na Etiópia, Marcos arrastado através das ruas até
morrer, Lucas enforcado, Pedro e Simeão crucificados, André amarrado a uma cruz, Tiago
degolado, Felipe crucificado e apedrejado, Bartolomeu esfolado vivo, Tomé transpassado com
lansas, Tiago, o menor, foi arrancado do templo e espancado até morrer; Judas (o zelote) morreu
cravejado de flexas, Matias apedrejado e Paulo decapitado!
3. Mais que um século se passou antes que todas estas coisas tivessem sucedido. E esta
cruel perseguição judeu-pagã continuou por mais dois séculos. E, ainda assim, poderosamente se
espalhava a religião cristã. Ela penetrou em todo o Império Romano, Europa, Ásia, África,
Inglaterra, Gales e por toda parte onde existia qualquer rasto da civilização. As igrejas
mulliplicaram-se grandemente e o número de discípulos aumentava continuamente. Todavia,
algumas das igrejas começaram a descambar para o erro.
4. A primeira das mudanças aos ensinos do Novo Testamento foi no tocante ao governo
da igreja e à doutrina. Nos primeiros dois séculos, as igrejas locais multiplicaram-se rapidamente
e
algumas mais depressa do que outras, como Jerusalém, Antioquia, Éfeso, Corinto, etc. Jerusalém,
por exemplo, tinha muitos milhares de membros (Atos 2:41, 4:4, 5:14) possivelmente 25.000 ou
talvez 50.000 ou mais. O cuidadoso estudante do livro de Atos e das Epístolas verá que Paulo
estava permanentemente preocupado em manter algumas das igrejas fiéis, quanto às doutrinas.
Veja as profecias de Pedro e Paulo com respeito às futuras igrejas, II Pedro 2:12, Atos 20:29-31.
Veja também Apocalipse capítulos 2 e 3.
Estas grandes igrejas possivelmente tinham grandes pregadores e anciãos. (Atos 20:17).
Alguns dos bispos e pastores começaram a usar de uma autoridade que não lhes fora dada no
Novo Testamento. Alguns começaram a exercer certa autoridade sobre outras igrejas maiores e
também menores. E juntamente a muitos anciãos, começaram a assenhorear-se da herança do
Senhor, III João 9. Aqui estava o início de um desvio que se multiplicou em muitos erros
igualmente perniciosos.
Aqui estava o germen das diferentes ordens no ministério, chegando finalmente ao que
hoje é praticado por outros, tanto quanto pelos católicos. Aqui foi o início daquilo que resultou
numa mudança radical no governo democrático original das primeiras igrejas. Esta irregularidade
começou em pequena escala, ainda antes do início do 22º século. Este foi provavelmente, o
primeiro afastamento sério da norma de uma igreja do Novo Testamento.
5. Uma outra mudança vital encontrada na História antes do início do 2º século foi na
grande doutrina de salvação pela graça. Os judeus, assim como os pagãos, tinham sido treinados
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durante muitas gerações, com a ênfase do culto, no cerimonialismo. Eles costumavam considerar
os tipos pelos anti-tipos, as sombras pelas substâncias reais, tornando o cerimonialismo como
verdadeira agência de salvação. Quão simplesmente chegaram a considerar assim o batismo!
Assim eles arrazoavam: A Bíblia tem muito que dizer com relação ao batismo. Muita ênfase é
colocada na ordenança e no dever concernente a ela. Evidentemente ela deve ter algo a ver com a
salvação. Desta forma criou corpo a idéia da ''Regeneração Batismal", iniciada neste período que
começou a ganhar aceitação em algumas igrejas" (Shackelford, pág. 57; Camp. pág. 47;
Benedito, pág. 286; Mosheim, vol. 1, pág. 134; Cristiano, pág. 28).
6. O erro seguinte a este e, do qual, encontramos mensão em alguns historiadores (não
todos) teve início no mesmo século e podemos dizer que veio como conseqüência imediata da
idéia da ''Regeneração Batismal". Este erro consistia na mudança dos candidatos ao batismo.
Depois que o batismo foi considerado como uma agência ou meio de salvação, pelas igrejas
desviadas, quanto mais depressa fosse ele administrado, tanto melhor. Em conseqüência surgiu o
"batismo infantil". Antes disto "crentes" e "crentes somente”, eram considerados em condições
de submeterem-se ao batismo. "Aspersao" e "derramamento" eram formas até então
desconhecidas. Vieram muito mais tarde. Por vários séculos os infantes eram, como os demais,
imersos. A Igreja Ortodoxa Grega (que é um grande ramo da Igreja Católica) até hoje não mudou
a forma original de batismo. Ela pratica o batismo infantil, mas nunca procedeu de outro modo
que não o da imersão das crianças. (Nota: alguns historiadores da igreja põem o início do
batismo infantil neste século, mas eu citarei um pequeno parágrafo das "Robinson's Ecclesiastical
Researches" (Pesquisas Eclesiásticas de Robinson).
"Durante os primeiros três séculos as congregações espalhadas no oriente funcionaram
em corpos independentes e separados, sem subversão por parte do governo, e conseqüentemente,
sem qualquer poder secular da Igreja sobre o Estado ou vice-versa. Em todo esse tempo as
igrejas batizavam e, segundo o testemunho os Pais dos primeiros 4 séculos, até Jerônimo (370 D.
C.), na Grécia, Síria e África, é mencionado um grande número de batismos de adultos, sem a
apresentação de ao menos um batismo de criança, até o ano 370 D. C." (Compêndio de história
batista por Shackelford, p. 43; Vedder p. 50; Christian p. 31; Orchard p. 50, etc.).
7. Convém-nos lembrar que estas mudanças não foram feitas em um dia e nem tampouco
dentro de um ano. Elas foram aparecendo lentamente e nunca, a um só tempo, dentro de todas as
igrejas. Algumas igrejas vigorosamente as repudiavam. Tanto que em 251 D. C. algumas igrejas
leais declararam-se contrárias às igrejas que aceitavam e praticavam tais erros. Desta maneira
veio a primeira ruptura completa entre as igrejas.
8. Notamos, pois, que durante os três primeiros século houve três e sérios desvios dos
ensinos de Cristo e de seus apóstolos. E um significativo evento aconteceu. Note este sumário e
recapitulação:
(1) Mudança quanto à concepção da função do bispo ou pastor e do governo da igreja,
conforme aparece nas páginas do Novo Testarnento. Esta mudança desenvolveu rapidamente e
foi se tornando mais pronunciada, se bem que também altamente nociva.
(2) Mudança quanto aos ensinos do Novo Testamento, com relação à regeneração, pela
idéia da ''regeneração batismal”.
(3) Mudança no tocante à administração do batismo às crianças, em vez de somente aos
crentes. Esta não se tornou geral e nem tão freqüente até o século seguinte.
9. A ''regeneração batismal" e "batismo infantil". Estes dois erros são, na opinião da bem
9
esclarecida história, causadores de maior derramamento de sangue dos crentes, através dos
séculos, do que todos os outros erros combinados ou, possivelmente, do que todas as gueras, não
contando com as perseguições se deixarmos de lado a primeira "guerra mundial". Mais de
50.000.000 de cristãos sofreram o martírio, principalmente por causa de rejeitarem esses dois
erros, no período da "idade das trevas", portanto 12 ou 13 séculos.
10. Tres eventos significativos podem ser encontrados na história dos primeiros três
séculos, os quais foram observados pela grande maioria das igrejas:
(1) A separaçãao e independência das igrejas.
(2) O caráter subordinado dos bispos ou pastores.
(3) O batismo somente para crentes.
Vou citar agora Mosheim, o maior de todos os historiadores luteranos - vol. 1, pág. 71 e
72: "Mas qualquer que suponha que os bispos desta idade de ouro da igreja tinham função
idêntica à dos bispos dos séculos seguintes, está confundindo coisas bastante diferentes, pois que
neste século e nos seguintes um bispo tinha o encargo de uma só igreja, com a qual podia
ordinariamente se reunir em uma casa particular; não era ele o senhor da igreja, mas realmente o
seu ministro, ou servo. Todas as igrejas nos primitivos séculos eram corpos independentes,
nenhuma delas sujeita à jurisdição de qualquer outra. Além disto, as igrejas que tinham sido
fundadas pelos apóstolos tinham freqüentemente a honra de consultá-los sobre os casos
duvidosos, e, mesmo nestes casos, eles não exerciam uma autoridade judicial, nem controle nem
a prerrogativa de dar-lhes leis. Ao contrário, é tão claro como o meio-dia que todas as igrejas
cristãs tinham iguais direitos e andavam sob todos os respeitos em pé de igualdade".
11. Durante este período, não obstante as muitas e sérias perseguições, o Cristianismo fez
maravilhoso progresso. Ele tinha alcançado e ultrapassado os limites do Império Romano. Quase
todo o mundo habitado ouviu o evangelho. E, de acordo com alguns historiadores da Igreja,
muitas das igrejas neotestamentárias, organizadas pelos apóstolos, estão ainda intactas e leais aos
ensinos apostólicos. Contudo, como temos mostrado, um grande número de erros característicos
e perniciosos foram introduzidos e permaneceram em muitas igrejas. Algumas tornaram-se muito
irregulares.
12. As perseguições tinham se tornado terrivelmente amargas. Próximo ao início do 4º
século veio, possivelmente, o primeiro e definitivo édito do governo, autorizando a perseguição.
O crescimento maravillloso do Cristianismo tinha alarmado os líderes pagãos do Império
Romano. Então o imperador Galério expediu um édito autorizando mais severa perseguisão. Isto
ocorreu em 24 de fevereiro de 303 D. C. Até este tempo parece que o paganismo tinha feito a
perseguição sem a sanção de uma lei.
13. Mas este édito falhou inteiramente no seu propósito de impedir o crescimento do
Cristianismo e o mesmo imperador Galéiro, 8 anos depois, promulgou um outro édito anulando o
primeiro e concedendo TOLERÂNCIA - permissão para viver a religião de Jesus Cristo. Esta foi
provavelmente, a primeira lei favorável ao Cristianismo.
14. No início do ano 313 D. C, o Cristianismo tinha alcançado uma poderosa vitória sobre
o paganismo. Um novo imperador veio ocupar o trono do Império Romano. Ele evidentemente
reconheceu algo do misterioso poder dessa religião que continuava a crescer, não obstante a
intensidade da perseguição. A história diz que este imperador que não era outro senão
Constantino, teve uma visão. Divisou no céu uma CR'UZ de brilhante luz vermelha na qual
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estavam escritas a fogo as seguintes palavras: "Com este sinal vencerás". Constantino interpretou
isto como uma ordem para que se tornasse cristão. Entendeu ainda que abandonando o
paganismo e unindo o poder temporal do Império Romano ao poder espiritual do Cristianismo o
mundo seria facilmente conquistado. Deste modo, a religião cristã se tornaria uma religião
universal e o Império Romano o Império de todo o mundo.
15. Assim, sob a liderança do Imperador Constantino veio um descanso, um galanteio e
uma proposta de casamento. O Império Romano por intermédio do seu imperador pediu em
casamento o Cristianismo. Dê-nos o seu poder espiritual e em troca lhe daremos nosso poder
temporal.
16. Para tornar efetiva e consumada esta profunda uniao, um concílio foi convocado. Em
313 A. D. foi feita uma convocasao para que fossem enviados, juntamene, representantes de
todas as igrejas cristas. Muitas, mas nem todas, vieram. A alianSa estava consumada. Uma
hierarquia Gisto foi destronadçomo cabeça da igreja e Constantino foi entronizado (ainda que
temporal?mente, já se vê) como cabesa da igreja.
17. A hierarquia estava definitivamente começando a desenvolver-se no que conhecemos
hoje como Igreja Católica ou universal. Pode-se dizer que isso tinha começado, se bem que
indefinidamente, já no fim do 2º século ou no início do 3º. Quando as novas idéias com
referência aos bispos e ao governo da igreja começaram a se formar.
18. Deve ser também claramente lembrado que, quando Constantino fez a convocação
para o citado Concílio houve muitos cristãos (batistas) que deixaram de responder à rnesma. Eles
não aprovavam o casamento da religião com o estado, nem a centralização do governo religioso,
nem a criação de um tribunal religioso mais elevado, de qualquer espécie que não fosse a igreja
local. Estes cristãos (batistas) bem como suas igrejas deste tempo ou mais tarde não aceitaram a
hierarquia denominacional católica.
19. Quando esta hierarquía foi criada, Constantino, que tinha sido feito o seu cabeça, não
era ainda cristão. Ele tinha decidido tornar-se, mas como as igrejas que o acompanharam na
fundação desta organização hierárquica, tinham adotado o erro da regeneração batismal, uma
série questão se levantou na mente de Constantino: "Se eu sou salvo dos meus pecados pelo
batismo, como escapar dos meus pecados posteriores ao batismo?" Constantino levantou assim,
uma questão que iria perturbar o mundo em todas as gerações seguintes. Pode o batismo lavar de
antemão os pecados não cometidos? Ou são os pecados cometidos antes do batismo lavados por
um processo (isto é pelo batismo) e se cometidos depois do batismo, por um outro processo?
20. Não tendo sido possível resolver satisfatoriamente a muitas questões assim
levantadas, Constantino resolveu finalmente unir-se aos cristãos, mas adiando o seu batismo para
mais perto da morte, porque assim todos os seus pecados poderiam se lavados de uma só vez.
Este propósito ele seguiu e não havia sido ainda batizado até pouco antes da sua morte.
21. Abandonando a religião pagã e aderindo ao Cristianismo, Constantino incorreu em
séria reprovação por parte do Senado romano. Eles repudiaram ou, ao menos, opuseram-se à sua
resolução. Esta oposição resultou finalmente na mudança da sede do Império de Roma para
Bizâncio, uma velha cidade reedificada, que logo depois teve o nome mudado para
Constantinopla, em honra a Constantino.
11
Como resultado surgiram duas capitais para o Império Romano: Roma e Constantinopla.
Essas duas cidades, rivais por vários séculos, por fim se tornaram o centro da Igreja Cató1ica
dividida: Romana e Grega.
22. Até à organização da hierarquia e da união entre a Igreja e o Estado todas as
perseguições ao Cristianismo tinham sido feitas pelo judaismo ou então pelo paganismo. Agora
houve uma séria mudança. Os cristãos nominais começaram a perseguir os cristãos. O desejo de
Constantino de ter todos os cristãos unidos a ele, expressa pela sua nova idéia de uma religião
unida ao Estado e opondo-se a muitos que concientemente repudiavam o afastamento dos
ensinos do Novo Testamento, começou a usar o poder do governo para os perseguir. Começaram
então os dias e anos e até séculos de uma tenaz perseguição contra os cristãos que eram leais ao
Ctistianismo original e aos ensinos apostólicos.
23. Lembremo-nos agora que estamos considerando eventos que se deram entre os anos
300 e 500 D. C.
A hierarquia organizada sob a liderança de Constantino, rapidamente se concretizou
naquilo que aogra conhecemos como Igreja Católica. E a nóvel igreja se associou ao governo
temporal, não mais para ser simplesmente a entidade executiva das leis completas do Novo
Testamento, mas começou a ser legislativa, começando a emendar e anular leis primitivas, bem
como a criar regras completamente estranhas à letra e ao espírito do Novo Testamento.
24. Uma das primeira ações legislativas da igreja, e uma das mais subversivas quanto aos
resultados, foi o estabelecimento, por lei, do batismo infantil.
Em virtude desta lei o batismo infantil tornou-se compulsório. Isto ocorreu em cerca de
416 D. C. Ele já existia, em casos esparsos, provavelmente, um século antes desde decreto. Mas,
com a efetivação por lei desta prática dois princípios do Novo Testamento foram naturalmene
aborados: o do "batismo dos crentes" e o da "obediência voluntária ao batismo".
25. Como conseqüência inevitável desta nova doutrina e lei, as igrejas desviadas foram
rapidamente se enchendo de membros inconversos. E de fato não se passaram muitos anos até
que a maioria, provavelmente, de seus membros fosse composta de pessoas não regeneradas.
Assim os grandes interesses espirituais do Reino de Deus cairam nas mãos de um incrédulo
poder temporal. Oue se poderia esperar então?
26. Por outro lado, os crentes e igrejas leais rejeitaram esta nova lei. Certamente que o
"batismo de crentes", o "batismo do Novo Testamento" era a única lei para eles. Eles não só
recusaram a batizar suas crianças, mas, crendo que o batismo devia ser ministrado a crentes
somente, recusaram também aceitar como válido o batismo feito pelas igrejas anti-escriturísticas.
Se alguns dos membros da igreja hierárquica quisessem se filiar a uma das igrejas fiéis era-lhes
exigido uma experiência cristã e o rabatismo.
27. O rápido curso seguido pelas igrejas leais provocou um grande desprazer aos
fanáticos da religião do Estado, muitos, senão a maioria, dos quais não era de genuínos
convertidos. O nome "cristão" entretanto foi negado às igrejas que não aceitavam os novos erros.
Uma vez privados disto, foram chamados por outros nomes, alguns por uns e outros por outros,
como sejam: Montanistas, Tertulianistas, Novacianos, Paterinos, e alguns, ao menos, por causa
do costume de rebatizar os que haviam sido batizados na infância, foram chamados ana-batistas.
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28. Em 426 D. C, justamente 10 anos depois do estabelecimento legal do batismo infantil,
foi iniciado o tremendo período que conhecemos como "Idade das Trevos" (Idade Média, nota do
trad.). Que período! Quão tremendo e sanguinolento o foi! A partir de então, por mais uma
dezena de séculos o rasto do cristianismo do Novo Testamento foi grandemente regado pelo
sangue dos cristãos. Observe no mapa alguns dos muitos diferentes nomes suportados pelos
perseguidos. Vários deste nomes foram dados por causa de alguns atos heróis de determinados
líderes e alguns por outras causas, sendo que os nomes assim dados variavam freqüentemente,
tanto com os países, como com o correr do tempo.
29. Foi ainda no alvorecer da "Idade das Trevas" que o Papismo tomou corpo definitivo.
Seu início data de Leão II de 440 a 461 D. C. Este título, semelhantemente ao nome dado à Igreja
Católica, tinha possibilidade de um amplo desenvolvimento. O nome aparece aplicado
primeiramente, para designar o bispo de Roma, 296-304 D. C, mas foi formalmente adotado pela
primeira vez por Cirilo, bispo de Rorna 384-398 D. C. Mais tarde foi adotado oficialmente por
Leão II, 440-461 D. C. Sua universalidade foi reclamada em 707 D. C. Alguns séculos mais tarde
foi declarado por Gregório VII, ser título exclusivo do Papado.
30. Agora darei uma súmula dos mais significativos eventos deste período de cinco
séculos:
1) A mudança gradual do governo democrático da igreja para o governo eclesiástico.
2) A mudança da salvação pela graça para a salvação pelo batismo.
3) A mudança do batismo de crentes para batismo infantil.
4) A hierarquia organizada. Casamento da igreja com o estado.
5) A sede do Império mudada para Constantinopla.
6) O Batismo Infantil estabelecido por lei e tornado compulsório.
7) Os cristãos nominais começam a perseguir os cristãos.
8) A "Idade de Trevas" começa em 426 D. C.
9) A espada e a tocha, de referência ao Evangelho, que se tornou o poder de Deus para a
salvação.
10) Todo o vestígio de liberdade religiosa é desfeito, coberto e enterrado por muitos
séculos.
11) As igrejas fiéis ao Novo Testamento são perseguidas e tratadas por nomes diveros.
São ainda açuladas para o mais longe possível do poder temporal católico. O remanescente
destas igrejas se espalhou por todo o mundo e é achado, talvez escondido, em florestas,
montanhas, vales, antros e cavernas da terra.
CAPÍTULO II - SEGUNDO PERÍODO: 600 - 1300 D. C.
1. Encerramos o 1° capítulo com o fim do 5° século. E ainda um grande número de fatos
que tiveram seu princípio naqueles séculos não foi mencionado. Tínhamos iniciado as
considerações em tôrno do terrível período que é conhecido na história como "Idade Média".
Trevas, sangue e terror houve desde o seu início. As perseguições pelo estabelecimento da Igreja
Católica Romana são duras, cruéis e perpétuas. A guerra de extermínio prosseguiu persistente e
inexoravelmente, obrigando os cristãos a se refugiarem em muitas terras. O "Rasto de Sangue" é
quase tudo que resta em qualquer lugar. Especialmente através da Inglaterra, Gales, África,
Armênia, Bulgária. Certo é que em que qualquer lugar cristãos seriam achados os que estavam
decididos a permanecerem estritamente leais ao Novo Testamento.
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2. Agora chamaremos atenção aos denominados concílios ecumênicos ou Concílios do
Império. Será por bem baseados no chamado concílio de Jerusalém (Veja Atos capítulo 15). Mas
provavelmente nada terá sido mais dessemelhante do que o mesmo nome para estes concílios.
Chamamos agora a atenção para somente oito, e estes convocados por diferentes imperadores.
Nenhum deles pelos Papas e todos eles realizados entre as igrejas do Oriente ou Igrejas Gregas.
Assistiram-nos todavia, alguns representantes do ramo ocidental ou da Igreja Romana.
3. O primeiro desses concílios foi realizado em Nice, ou Nicéia em 325 D. C. Foi
convocado por Constantino o Grande, e foi assistido por 318 bispos.
O segundo reuniu-se em Constantinopla em 381 D. C. Foi convocado por Teodósio o
grande. Assistiram-no 150 bispos. Nos séculos primitivos a palavra bispo designava
simplesmente pastores de igrejas locais.
O terceiro foi convocado por Teodósio II e por Valentino III. Este contou com a presença
de 250 bispos. A reunião se efetuou em Éfeso em 431 D. C.
O quarto reuniu-se em Calcedônia em 451 D. C, e foi convocado pelo imperador
Marciano. Quinhentos ou 600 bispos metropolitanos, (metropolitanos eram pastores da cidade ou
pastores de primeira igreja), estiveram presentes a este concílio. Nele foi promulgada a doutrina
que conhecemos como "Mariolatria". Este dogma compreende a adoração de Maria, mãe de
Cristo. Esta nova doutrina no princípio criou grande tumulto. Houve sérias objeções, mas
finalmente foi aceita como doutrina da Igreja Católica.
O quinto destes 8 concílios foi realizado em Constantinopla. Foi o segundo que se
realizou ali. Foi convocado por Justiniano em 553 D. C. e assistido por 165 bispos - este concílio
aparentemente teve por objetivo condenar certos escritos.
No ano 680 D. C. o sexto concilio foi convocado. Também foi realizado em
Constantinopla e foi convocado por Constantino Pogonato, para condenar heresias. Durante este
concílio o Papa Honório foi deposto e excomungado. Até este tempo a infalibilidade não tinha
sido declarada.
O sétimo concílio foi chamado para se reunir em Nicéia em 787 D. C. Foi o segundo a se
realizar neste lugar. A imperatriz Irene o convocou. Nele parece ter tido início definitivo a
adoração de imagens e o culto aos santos. Podeis, por esta amostra, perceber que o povo de então
já estava se tornando mais paganizado que cristianizado.
O último dos concílios convocados pelos imperadores aos quais chamamos "Concílios do
Oriente" reuniu-se em Constantinopla em 869 D. C. Foi convocado por Basílio Maredo. A Igreja
Católica tinha entrado em séria tribulação. Havia se levantado uma calorosa controvérsia entre os
cabeças dos dois grandes ramos do catolicismo: ocidental e oriental ou romano e grego. Pônico,
o grego, em Constantinopla, e Nicolau I em Roma. Foi tão grande a desavença entre eles que
chegaram a se excomungar mutuamente. Desta forma por um pouco de tempo o catolicismo
ficou inteiramente sem um cabeça. O concílio foi convocado principalmente para dirimir esta
dificuldade.
Esta cisão no tronco do catolicismo nunca foi até hoje, completamente desfeita. Desde
esse tempo até hoje, todas as tentativas para desfazê-la têm falhado. O poder de Latrão (isto é,
dos Papas) desde esse tempo começou a ter ascendência. Não os imperadores, mas os Pontífices
passaram a convocar os concílios. E os últimos concílios serão considerados em estudo
subseqüente.
4. Há uma nova doutrina para a qual não podemos deixar de atentar. Há, sem dúvida,
outras, mas uma especialmente queremos considerar e esta é a da "comunhão infantil". As
crianças eram não somente batizadas, mas recebidas na Igreja e consideradas membros dela, e
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portanto, devidamente habilitadas à Ceia do Senhor. Como administrar isto, era o problema, mas
foi resolvido embebendo o pão no vinho. Isto foi praticado por anos. E depois de algum tempo
uma nova doutrina foi adicionada a esta. Passou a ser ensinado que a ceia era um outro meio de
salvação. Uma outra nova doutrina foi mais tarde adicionada a ela. E sobre ela voltaremos a falar
mais tarde.
5. Durante o 5° século, no 4° concílio ecumêncio, reunido em Calcedônia em 451 D. C,
uma doutrina inteiramente nova foi acrescentada à já crescente lista de inovações. É a doutrtna
conhecida como "Mariolatria" ou adoração de Maria, mãe de Jesus. Parece ter sido sentida a
necessidade de um novo Mediador. A distância entre o homem e Deus era grande demais para
um só mediador, ainda que fosse Cristo o Filho de Deus e realmente Deus-homem. Pensaram ser
Maria necessária como outro mediador e orações foram feitas a ela. Ela existia para levá-los a
Cristo.
6. Duas outras novas doutrinas foram adicionadas no século 8° à fé católica. Ambas
foram promulgadas pelo 2° concílio reunido em Nicéia. O 2° concílio reuniu-se ali em 787 D. C.
A primeira das doutrinas ali adicionadas foi a que é conhecida como "A adoração de imagens",
uma violação direta do seguinte mandamento de Deus: "Não farás para ti imagens de escultura".
Êxodo 20:3-5. Essa adição é também oriunda do paganismo.
Logo depois seguiu-se "o Culto dos Santos”, doutrina que não tem justificação na Bíblia.
Somente um exemplo de invocação dos santos aparece na Bíblia e esse mesmo para mostrar sua
perfeita insensatez - o rico orando a Abraão em Lucas 16:24-31. Estas são algumas, não todas,
das mudanças revolucionárias aos ensinos do Novo Testamento, que vieram durante esse período
da História da Igrega.
7. Durante o período que estamos considerando os perseguidos foram conhecidos por
muitos e variados nomes. Entre eles encontramos Donatistas, Paterinos, Paulicianos Cátaros, e
Anabatistas. Um pouco mais tarde sugiram Petrobrussianos, Arnoldistas, Henricianos,
Albingenses e Waldenses. Algumas vezes um desses grupos se destacava e outras vezes outro.
Alguns sempre evidenciavam, por estarem sob persistente e cruel perseguição.
8. Não devemos pensar que todos os que sofrerem perseguições estavam integralmente
fiéis ao Novo Testamento. Na maioria eram leais. E alguns deles, consideradas as circunstâncias
em que viveram e lutaram, eram maravilhosamente leais. Lembremo-nos de que muitos dos que
viveram neste longo período, possuíam somente partes do Novo Testamento ou do Velho
Testamento para usar. A imprensa não tinha sido inventada. O que possuíam eram manuscritos
em pergaminho ou peles, ou coisa parecida, sendo por isto, grandes e volumosos. Poucas famílias
(se é que alguma) ou Igrejas possuíam cópias completas da Bíblia. Antes do término formal do
Canon (em fins do século IV), havia provavelmente, muito poucos manuscritos completos do N.
T. Dos 1.000 manuscritos conhecidos somente uns 30 incluem todos os livros.
9. Além disso, durante toda a "Idade Média" e o período da perseguição, tenazes esforços
foram feitos para destruir os mauscritos das Escrituras, nas mãos dos perseguidores. Assim, em
muitos casos, os grupos só possuiam pequenas partes da Bíblia.
10. Será bem de notar também que para prevenir a disseminação dos pontos de vista, de
certo modo contrários aos da Igreja Católica, muitos planos e medidas extremas foram adotados.
Em primeiro lugar, todo e qualquer escrito, que contivesse idéias diferentes das Católicas, seria
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queimado, especialmente os livros. Por vários séculos esses planos e medidas foram estrita e
persistentemente seguidos. Esta é, de acordo com a História, a principal razão porque é difícil de
se apresentar um relato minucioso da História. Por toda parte, os que persistiam em escrever e
pregar, experimentaram a morte pelo martírio. Este era um período desesperdamente sangrento.
Todos os grupos de heréticos persistentes (assim chamados) e por quaisquer nomes apelidados,
em qualquer parte onde vivessem eram cruelmente perseguidos. Os Donatistas e Paulicianos
foram proeminentes entre os primeiros desses grupos. Os católicos, estranho como pareça,
acusavam a todos que recusavam a abandonar sua fé, que recusavam a crer como católicos
chamando-os de heréticos e os condenavam como tais. Os chamados católicos tinham se tornado
mais completamente paganizados e judaizados do que mesmo cristianizados e estavam sendo
manejados mais pelo poder civil do que pelo poder religioso. Eles cuidavam mais de fazer novas
leis do que de obedecer as de antes estabelecidas.
11. Daremos em seguida um pouco das muitas variações por que passaram os ensinos do
Novo Testamento, durante esses séculos. Elas, provavelmente, nem sempre aparecerão na ordem
em que surgiram. De fato, em alguns casos é difícil senão impossível, dar-se a data exata da
origem de várias dessas mudanças.
Algumas apareceram provavelmente com todo o sistema católico. Cresceram e se
desenvolveram. Principalmente nos primeiros anos, seus ensinos foram sujeitos constantemente a
mudanças. Estas vinham por acréscimo ou subtração; por substituição ou abrogação. A Igreja
Católica não era mais uma igreja conforme o N. T, se é que o foi algum dia. Ela não era mais um
corpo puramente executivo, para cumprir as leis de Deus já estabelecidas, mas uma entidade
legislativa, não somente por fazer novas leis, como também por abrogar a seu jeito as de antes
estabelecidas.
12. Uma das duas declarações desse tempo foi: fora da igreja não há salvação, da Igreja
Católica. Criando, portanto um dilema: ou o homem é católico, ou está perdido. Não há outra
alternativa.
13. A doutrina das indulgências e a venda de indulgências foi um novo acrécimo
absolutamente contrário às doutrinas do Novo Testamento. Mas para tornar prática essa heresia,
uma outra precisa ser criada: o estabelecimento de um crédito, que não obstante tivesse o lastro
no céu, era contudo acessível à terra. Assim, o mérito das "boas obras” como um meio de
salvação, devia ser ensinado. Para justificá-lo, colocaram as reservas celestes que davam valor às
indulgências, possíveis de aumento. O primeiro lastro do fundo das indulgências, foi o que veio
pelo trabalho perfeito de Jesus. Como Ele não praticou o mal, a totalidade de suas boas obras não
seria usada em seu próprio benefício, mas colocada no fundo de reservas das indulgências. Ainda
mais, todo o excedente das obras necessárias à salvação dos apóstolos seria adicionado a esse
depósito, bem como excedentes das vidas de todos os santos, o que tornou essa reserva
imensamente grande.
Mais ainda. Toda essa imensa riqueza foi creditada à única igreja, que tinha permissão
usá-la em suprir as necessidades de algum pecador perdido, cobrando de cada um o que julgava
lhe ser possível pagar, para que lhe benificiassse com o crédito celestial.
Seguiu-se a venda das indulgências. Cada pessoa as poderia comprar para si, ou para
amigos ou mesmo para os amigos mortos. Os preços variavam na proporção das ofensas
cometidas ou a serem cometidas. Isso foi, muitas vezes, levada a absurdos terríveis, dos quais até
os católicos não descrêem. Algumas histórias ou enciclopédias dão uma lista dos preços cobrados
pelos diferentes pecados para os quais as indulgências eram vendidas.
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14. Mas, uma outra nova douhina se tornu necessária, imperativa mesmo, para tornar
efetivas as duas últimas. É a doutrina chamada do Purgatório, um lugar intermediário entre o céu
e o inferno, no qual todos deveem passar para ser purificados de todos os pecados veniais.
Mesmo os santos devem passar através desse lugar, permanecendo lá até à completa
purificação, pelo fogo - a menos que eles possam ser socorridos pela aplicação do lastro das
indulgências, o que somente pode ser exercido por meio de orações e compra das mesmas pelos
vivos. Daí a venda das indulgências. Um desvio do Novo Testamento, leva a outro
inevitavelmente.
15. Cabe perfeitamente aqui um parêntesis para mostrar as diferenças entre as igrejas
Católico-Romana e Católico-Ortodoxa ou Grega:
(1) Quanto às nacionalidades: os ortodoxos são eslavos, congraçando: gregos, russos,
búlgaros, sérvio, etc. Os romanos são principalmente latinos, congraçando: italianos, franceses,
espanhóis, americanos do Sul, mexicanos e povos da América Central, etc.
(2) A Igreja Grega recusa a aspersão ou derramamento como batismo. Os Romanos usam
a aspersão, reclamando a si o direito de mudar a fórmula original do batismo, conforme o plano
bíblico que é o da imersão.
(3) A Igreja Católica Grega, continua a observar a prática da comunhão para crianças. A
Igrega Romana tem abandonado, usando-a como um outro meio de salvação.
(4) A Igreja Grega na administração da Ceia do Senhor dá o pão e o vinho aos
comungantes. A Igreja Romana dá ao comungantes somente o pão, reservando o vinho para o
sacerdote.
(5) Na Igreja Grega os sacerdotes se casam. Na Igreja Romana eles são proibidos de o
fazer.
(6) Os Gregos rejeitam a doutrina da infalibilidade papal; os Romanos a aceitam e
insistem na sua exatidão.
Estes são alguns pontos, ao menos, nos quais essas duas igrejas divergem. No demais, ao
que parecere, as igrejas Grega e Romana, permanecem unidas.
16. Nossos estudos têm girado em torno dos 9 primeiros séculos. Entraremos agora no
10° século. Olhem, por favor, no mapa. Foi justamente aqui que se deu a separação entre as
igrejas Grega e Romana. Depressa veremos, como no correr dos séculos novas leis e doutrinas
surgiram - e outras desesperadas e terríveis persiguições. (Schaff-Herzogg, En. 11, pág. 901).
17. Novamente chamamos a atenção dos leitores para aqueles que cairam sob a dura
prova da perseguição. Se 50.000.000 pereceram, durante os 1.200 anos da "Idade Média", como
a história parece positivamente ensinar, então morreram em média 4 milhões de crentes por
século. Isto parece ir além do que permite a concepção humana. Como já foi mencionado, essa
mão de ferro se alimentava com o sangue mártir tirado dos Paulicianos, Arnoldistas, Henricianos,
e Petrobrussianos, Albingenses, Waldenses e Anabatistas - mais pesada sobre uns que sobre
outros. Sobre esta parte terrível de nossa história, passaremos rapidamente.
18. Vem agora o longo período dos concílios ecumênicos, que sem dúvida não foram
realizados consecutivamente. Houve através dos anos muitos concílios que não eram
ecumênicos, nem do "Grande Império". Esses concílios eram principalmente legslativos para
decretar ou emendar leis do poder civil ou religioso, tanto a legislação quanto as leis contrárias
ao Novo Testamento.
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Lembre-se que esses foram atos de uma igreja oficializada, uma igreja casada com um
Governo pagão. E esta igreja se tornou em breve tempo mais paganizada, que o estado
cristianizado.
19. Quando qualquer grupo rejeita o Novo Testamento como norma completa de fé e
prática, quer como indivíduos, quer como igrejas, esses grupos se atiram num oceano imenso.
Qualquer lei errônea (e toda adição à Biblia é errônea) inevitável e rapidamente, exige a criação
de outra e outras exigem outra, sem limite possível. Eis porque Cristo não deu nem às suas
igrejas nem aos bispos (pastores) poderes legislativos. Convém notar outra vez, mais
particularmente, porque o Novo Testamento inclui no seu término essas significativas palavras:
"Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro, que se
alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste
livro, e se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará sua parte da árvore
da vida e da cidade santa, que estão escritas neste livro". Apoc. 21:18-19.
Nota: Inserimos aqui esta cláusula parentética como uma advertência. Devem as igrejas
batistas tomar cuidado quanto às suas resoluções, disciplinares ou não, como as que se dão nas
sessões, resoluções essas que podem se constituir em regras que afetam o governo das igrejas. O
Novo Testamento contém todas as leis e regras necessárias.
20. A limitação extrema deste pequeno livro impede-nos de dizer muito acerca desses
concílios ou assembléias legislativas, mas é necessário que se diga alguma coisa pelo menos.
21. O primeiro dos concílios Lateranos ou ocidentais, convocados pelos papas, foi
convocado por Calixto II, em 1123 D. C. Assistiram-no cerca de 300 bispos. Nesse concílio foi
declarado que o padre romano não poderia casar-se. Isto foi chamado celibato do clero. Não
tentaremos, é claro, relatar todas as resoluções tomadas nestes concílios.
22. Anos mais tarde, isto é, em 1139 D. C, o papa Inocêncio II convocou um novo
concílio, que tinha por finalidade principal condenar o trabalho de dois grupos dissidentes de
cristãos, os quais foram conhecidos como Petrobrussianos e Arnoldistas.
23. Alexandre III convocou ainda outro concílio em 1179 D. C, 40 anos depois do
concílio precedente, no qual foi condenado o que eles chamavam "erros e impiedades'' dos
Waldenses e Albingenses.
24. Exatamente 36 anos após o concílio anterior, um outro foi convocado pelo papa
Inocêncio III. Foi realizado em 1215 D. C, e parece ter sido o mais assistido dentre todos os
grandes concílios. De acordo com a História "havia presentes a esse concílio 412 bispos, 800
abades e priores, Embaixadores da Corte Bizantina e um grande número de príncipes e nobres".
Pelos componentes dessa assembléia, podemos deduzir não terem sido somente de matéria
religiosa os assuntos discutidos.
Por aquele tempo foi promulgada uma nova doutrina: a da "Transubstanciação", segundo
a qual o pão e o vinho da Ceia do Senhor são transformados, realmente, no corpo e no sangue do
Senhor, logo após a palavra consagratória do sacerdote. Esta doutrina entre outras, foi a pedra de
toque dos reformadores, poucos séculos mais tarde. Segundo o ensino desta doutrina todos os
que participaram ou participam da Ceia do Senhor comeram o próprio corpo e beberam o próprio
sangue de Jesus Cristo. A Confissão Auricular - confissão dos pecados, individualmente, aos
ouvidos do sacerdote - parece ter tido seu início nesse concílio. Mas provavelmente, o mais
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sanguinoso evento de todos que têm sido trazidos sobre os povos em toda a história do mundo,
foi o que é conhecido como a "Inquisição" e outros tribunais semelhantes, criados para processar
e combater a "heresia". O mundo todo está cheio de livros que combatem esse ato de crueldade
inexcedível, não obstante ter sido criado por um povo que se dizia dirigido pelo Senhor! Não
existe nada, absolutamente nada, que possa ultrapassar à crueldade da Inquisição! Eu nem
tentarei descrevê-la. Sugeriria simplesmente que os meus leitores procurem ler alguns dos muitos
livros escritos sobre a ''Inquisição'', deixando que cada um tire a sua própria conclusão. E há
ainda uma outra coisa que foi resolvida nesse concílio como se não bastasse tudo que já
mencionamos. Refiro-me ao decreto de extirpação para toda a "heresia". É certo que por causa
deste decreto muitas páginas negras foram escritas na história do mundo.
25. No ano de 1229 D. C., 14 anos depois do concílio que acabamos de mencionar;
reuniu-se ainda outro concílio. (Parece, todavia, não ter sido ecumênico). Foi convocado para
Toulosa. Possivelmente uma das mais vitais resoluções dos católicos foi tomada nesse concílio.
Trata-se do decreto segundo o qual a Bíblia Sagrada seria negada ao uso de todos os leigos, de
todas as Igrejas Católicas, a não ser aos padres e oficiais superiores. Determinação
incompreensível em face do claro ensino da Palavra de Deus: "Examinais as Escrituras porque
vós cuidais ter nelas a vida eterna e são elas que de mim testificam". João 5:39.
26. Ainda outro concílio foi chamado a reunir-se em Lion. Foi convocado pelo papa
Inocêncio IV em 1245 D. C. Parece ter sido o seu principal objetivo excomungar e depor o
imperador Frederico I da Alemanha. A igreja, noiva adúltera desde o ano 313, quando foi
realizado o seu casamento sob a égide de Constantino, o Grande, tinha se tornado a cabeça da
casa, ditando normas aos governos estabelecidos e colocando ou arrancando do trono os reis e
rainhas, a seu bel prazer.
27. Em 1274 D. C., um outro concílio foi convocado, tendo por objetivo reunir outra vez
num, os dois grandes grupos - o Romano e o Grego - formando destarte a grande Igreja Católica.
Esta grande assembléia falhou completamente no seu propósito.
CAPÍTULO III - TERCEIRO PERÍODO: 1400 - 1600 D. C.
1. Os séculos 15, 16 e 17 são dentre todos os mais acidentados na história do mundo, e
especialmente na história do Cristianismo. Houve uma quase contínua revolução dentro da Igreja
Católica - tanto na Grega como na Romana - procurando uma reforma. Este despertamento das
conciências há muito adormecidas, o desejo de uma reforma genuína, começou realmente no
século 13, ou possivelmente, um pouco antes. A história certamente parece indicar isto.
2. Voltemos um pouco. A Igreja Católica por seus muitos desvios do Novo Testamento,
suas muitas estranhas e cruéis leis e por seu estado moral desesperadamente decaído e suas mãos
e roupas manchadas com o sangue de milhões de mártires, tornou-se repreensível e
dolorosamente repulsiva a muitos dos seus próprios adeptos, que eram muito melhores que seus
próprios sistemas, leis, doutrinas e práticas.
Vários de seus mais destemidos, melhores e mais espirituais sacerdotes e demais líderes,
um por um, procuraram sinceramente reformar muitas de suas mais censuráveis leis e doutrinas e
fasê-la voltar, o quanto antes, ao nível dos ensinos do Novo Testamento. Vamos dar alguns
exemplos indiscutíveis. Notemos, não somente onde e quando começa e até que ponto vai o fogo
da reforma, mas notemos também os seus líderes.
19
Os líderes eram, ou tinham sido, todos sacerdotes católicos ou oficiais do clero. Havia,
portanto, um pouco de bom entre o muito mal. Contudo, por esse tempo, provavelmente não
havia nenhuma única doutrina do Novo Testamento observada em sua pureza original - mas
notemos agora alguns reformadores e onde trabalharam.
3. É bom observar, todavia, que nos vários séculos anteriores a esse grande período de
reforma, havia um número de importantes caracteres que se rebelaram contra os terríveis
excessos do catolicismo e sinceramente procuraram permanecer leais à Bíblia, mas um rasto de
sangue foi tudo o que deles ficou. Vamos estudar, por um momento, o período mais importante -
o da Reforma.
4. De 1320 a 1384 D. C. viveu na Inglaterra um homem que atraiu a atenção de todo o
mundo. Seu nome era João Wycliff. Foi ele o primeiro dos destemidos que tiveram a coragem de
intentar uma real reforma dentro da Igreja Católica. A História refere-se a ele várias vezes, como
a "Estrela d'Alva da Reforma". Viveu uma vida sincera e frutífera. Precisaríamos, sem dúvida,
escrever vários volumes para contar de algum modo a história de João Wycliff.
Ele foi odiado, terrivelmente odiado, pelos líderes da hierarquia. Sua vida foi
persistentemente buscada. Finalmente morreu paralítico. Anos depois, era tão grande o ódio
católico para com ele, que seus ossos foram desenterrados, queimados e as cinzas lancadas às
águas.
5. Seguindo bem de perto as pegadas de Wycliff veio João Huss, 1373-1415 D. C, um
distinto filho da longínqua Boêmia. Sua alma correspondeu ao sentimento da brilhante luz da
"Estrela d'Alva da Reforma". Sua vida foi destemida e cheia de eventos, mas dolorosa e
miseravelmente curta. Ao invés de despertar um ambiente favorável a uma verdadeira reforma
entre os católicos, ele despertou medo, aversão e oposição, que resultaram na sua morte
amarrado a um poste e queimado - um mártir entre os seus. Todavia, ele procurou o bem de seu
próprio povo. Amou o seu Senhor e o seu povo. Todavia, ele foi apenas um entre os milhões que
morreram por essa causa.
6. Depois de João Huss da Boêmia, veio um maravilhoso filho da Itália, o muito
eloquênte Savanarola, 1452-1498 D. C. Huss foi queimado em 1415 e Savanarola nasceu 37 anos
depois. Ele como, Huss, ainda que católico devoto, encontrou os líderes de seu povo, povo da
Itália - como os da Boêmia, contrários a qualquer reforma. Mas por sua eloqüência poderosa, foi
bem sucedido no despertamento de algumas conciências e assegurou um considerável número de
seguidores. Uma reforma real, porém, na hierarquia significava ruína absoluta para os superiores
desta organização. Assim, Savanarola, tão bom quanto Huss, devia morrer. E também ele foi
amarrado num poste e queimado. Dos homens eloqüêntes desse grande período, Savanarola,
possivelmente, a todos suplantava.
Não obstante lutava contra uma organização poderosa e sua existência reclamava que
combatessem a reforma, e desta forma Savanarola devia morrer.
7. Naturalmente, muitos nomes de reformadores desse período têm sido deixados. Só os
mais proeminentes na História são aqui mencionados. Seguindo a Savanarola, a "voz de ouro da
Itália", vem um líder da Suíça. Zwinglio nasceu antes da morte de " Savanarola”. Viveu de 1484
a 1531 D. C. O espírito da Reforma alastrava-se por toda a terra. Seu fogo abriu caminho e
espalhando-se muito rapidamente, tornou difícil refreá-lo. O fogo ateado por Zwinglio não tinha
sido senão parcialmente sufocado e já um mais sério que todos os outros irrompera na Alemanha.
20
Zwinglio morreu na batalha.
8. Martinho Lutero - provavelmente o mais importante de todos os reformadores do 15º e
16º séculos, viveu de 1483 a 1546 D. C, e como se pode ver pelas datas era quase contemporâneo
de Zwinglio. Nasceu um ano antes de Zwinglio e viveu 15 anos mais. Seus grandes
predecessores tornaram-lhes mais fácil o caminho que deveria trilhar, talvez muito mais do que
encontramos registrado na história. Além disso, Lutero aprendeu pela dura experiência deles,
bem como das que ele próprio teve mais tarde, que uma verdadeira reforma no seio da Igreja
Católica seria claramente impossível. Assim mesmo, muitas .medidas reformatórias seriam
necessárias. Uma exigia outra e outras exigiam ainda outras e assim por diante.
9. Assim, Martinho Lutero, depois de ter tido muitas e difíceis batalhas com os líderes do
Catolicismo foi auxiliado por Melancton e outros proeminentes alemães, tornando-se em cerca
de 1530 D. C. o fundador de uma organização cristã inteiramente nova, agora conhecida por
Igreja Luterana, que se tornaria em breve a Igreja da Alemanha. Esta foi a primeira das novas
organizações a sair diretamente de Roma, renunciando toda lealdade à Igreja Mãe (como é
chamada) para continuar a viver.
10. Deixando por um pouco a Igreja da Inglaterra, que teve seu começo logo depois da
luterana, seguiremos a Reforma no continente. De 1509 a 1564 D. C. viveu outro dos maiores
reformadores. Era João Calvino, um francês, mas que parecia ao mesmo tempo ter vivido na
Suiça. Era um homem realmente poderoso. Foi contemporâneo de Martinho Lutero por 30 anos,
e tinha 22 anos quando Zwinglio morreu. Calvino é apontado como fundador da Igreja
Presbiteriana. Alguns historiadores, contudo, admitem Zwinglio, se bem que as mais fortes
evidências favoreçam a Calvino. Indiscutivelmente o trabalho de Zwinglio, tanto quanto o de
Lutero, tornou muito mais fácil o trabalho de Calvino. Data de 1541 D. C, exatamente 11 anos
(parece ser esse ano) depois da fundação da Igreja Luterana por Lutero, o início da Igreja
Presbiteriana. Esta igreja, como no caso do Luteranismo, foi conduzida por um sacerdote ou
oficial, que era católico reformado. Este seis - Wycliff, Huss, Savanarola, Zwinglio, Lutero e
Calvino, grandes líderes em suas batalhas para a reforma, feriram o catolicismo até o tornar
cambalaente.
11. Em 1560 D. C, 19 anos depois da primeira organização calvinista em Genebra, Suíça,
João Knox, discípulo de Calvino, estabeleceu a primeira Igreja Presbiteriana na Escócia, e
justamente 32 anos depois, em 1592 D. C, o Presbiterianismo tornou-se ali a religião de Estado.
12. Durante todas essas difíceis lutas da Reforma, contínuo e valoroso auxílio foi dado
aos Reformadores por muitos anabatistas, ou qualquer outro nome que levavam. Esperando
algum alívio para sua dura sorte, eles sairam de seus esconderijos e lutaram corajosamente com
os reformadores; todavia, eles estavam condenados a um medonho desapontamento. Haviam de
ter, desde então, mais dois inimigos a persiguí-los. Tanto a Igreja Luterana como a Presbiteriana
trouxeram da sua mãe, a Igreja Católica, muitos de seus males, entre os quais a idéia de uma
Igreja do Estado. Ambas tornaram-se Igregas ligadas ao Estado. Ambas tomaram gosto na
perseguição, faltando pouco, se alguma coisa faltava, para igualar-se à Mãe-Católica.
Triste e medonho era o destino desses grandes sofredores, os Anabatistas. O mundo de
então não oferecia sequer um lugar onde eles se pudessem esconder. Quatro temíveis
perseguidores estão agora furiosos em seu rasto. Na verdade seu caminho era um “Rasto de
Sangue”.
21
13. Durante o mesmo período, em realidade vários anos antes que os Presbiterianos,
levantou-se mais uma nova denominação, não no continente, mas na Inglaterra. Contudo, ela
surgiu não tanto como Reforma (ainda que evidentemente a facilitasse) mas como conseqüência
de verdadeira divisão ou cisão nas fileiras católicas. Semelhante à divisão em 869 D. C, quando
os católicos do leste separaram-se dos do oeste e se tornaram conhecidos na história como Igrejas
Católicas Grega e Romana.
Esta nova divisão surgiu mais ou menos assim. Henrique VIII, rei da Inglaterra, casou-se
com Catarina da Espanha. Infelizmente, depois de algum tempo, surgiram algumas dificuldades
amorosas, porquanto ele se apaixonara por Ana Bolena. Por isso Henrique queria divorciar-se de
Catarina e casar-se com Ana. Obter o divórcio naquele tempo não era coisa fácil. Somente o
Papa poderia concedê-lo e, nesse caso, por razões especiais, o recusou. Henrique ficou num
grande apuro. Sendo rei, sentiu que devia ter autoridade para seguir sua própria vontade no
assunto. Seu primeiro ministro (a esse tempo Thomas Cromwell) chegou a zombar do rei. Por
que se submete à autoridade papal em tais questões? Henrique seguiu a sua sugestão, retirou-se
de sob a autoridade do Papa e fez-se chefe da Igreja da Inglaterra. Começa, desse modo, a nova
Igreja da Inglaterra. Isto se consumou em 1534 ou 1535 D. C. Nessa ocasião não houve mudança
na doutrina, mas simplesmente, uma renúncia à autoridade papal. Henrique nunca se tornou
realmente protestante de coração. Morreu na fé católica.
14. Esse rompimento, finalmente, resultou em várias e consideráveis mudanças, ou
reformas. Uma reforma dentro da Igreja Católica e sob a autoridade papal, como no caso de
Lutero e outros tinha sido impossível até então, mas tornou-se possível depois desta divisão.
Granmer, Latimer, Ridley e outros realizaram algumas notáveis mudanças. Contudo, eles e
muitos outros pagaram o preço de sangue por tais mudanças, pois poucos anos mais tarde, Maria,
Maria Sanguinária, uma filha da divorciada Catarina, subiu ao trono da Inglaterra e levou a nova
igreja a submeter-se ao domínio papal novamente. Esta temível e terrível reação terminou com os
tenazes e sanguinários cinco anos do seu reinado. Enquanto as cabeças caíam de sob o
sanguinário machado de Maria, a sua acompanhou-as. O povo havia adquirido, no entanto, um
pouco de gosto pela liberdade, e então, quando Elizabete, a filha de Ana Bolena, tornou-se
rainha, a Igreja da Inglaterra novamente renunciou o poder do papa e foi restabelecida.
15. Desse modo, antes de findar o século 16, havia já cinco igrejas estabelecidas - igrejas
oficializadas pelos governos civis: Católica Romana e Grega, contadas como duas; depois a
Igreja da Inglaterra; a Luterana ou da Alemanha; e a Igreja da Escócia, agora conhecida como
Presbiteriana. Todas elas foram pródigas em seu ódio e perseguição aos povos chamados
Anabatistas, Waldenses e outras igrejas separadas do Estado, igrejas que nunca, de modo algum
haviam tido relação com a Igreja Católica. O grande auxílio dos Anabatistas nas pelejas em prol
da Reforma foi esquecido ou estava sendo então totalmente ignorado. Milhares deles, incluindo
mulheres e crianças, pereciam cada dia, como resultado de intermináveis perseguições. A grande
esperança despertada e inspirada pela Reforma transformou-se em uma sangrenta desilusão. O
remanescente deles encontrou um incerto refúgio nos Alpes amigos e em outros lugares
escondidos do mundo.
16. Essas tres novas organizações, separadas ou saídas da Igreja Católica, retiveram
muitos dos seus erros mais prejudiciais entre os quais os seguintes:
(1) O governo eclesiástico da Igreja (diferente na forma).
(2) Igreja oficializada (Igreja e Estado unidos).
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(3) Batismo infantil.
(4) Batismo por aspersão ou ablução.
(5) Regeneração batismal (algumas pelo menos, e outras, se muitos dos seus historiadores
podem ser acreditados).
(6) Perseguições (ao menos por alguns séculos).
17. No começo todas essas Igrejas oficializadas perseguiram uma às outras, bem como às
demais, até que num concílio realizado em Augsburgo em 1555 D. C, um tratado de paz,
conhecido como a "Paz de Augsburgo" foi assinado entre católicos de um lado e luteranos de
outro, concordando em não se perseguirem mais. Deixem-nos sós e nós os deixaremos sós
também. Para os católicos, o lutar contra os luteranos significava guerra com a Alemanha, e para
os luteranos, lutar ou perseguir os católicos significava guerra com todos os países onde o
catolicismo predominava.
18. Mas as perseguições não cessaram. Os odiados Anabatistas (hoje chamados batistas) a
despeito de todas as perseguições anteriores, e a despeito do terrível fato de que 50 milhões já
haviam sido martirizados, ainda existiam em grande número. Foi nesse mesmo período que ao
longo de uma só estrada na Europa, numa distância de 56 quilômetros, encontravam-se de espaço
em espaço, postes ponteagudos, no tôpo dos quais era colocada uma cabeça ensangüentada de
um mártir Anabatista. A imaginação humana não pode retratar uma cena tão terrível. E ainda
mais por ser perpetrada, de acordo com a história verossímil, por um povo que se chamava
devoto seguidor do meigo e humilde Jesus Cristo.
19. Lembremo-nos que os católicos não consideram a Bíblia como a única regra de fé e
prática. Eles a admitem como verdadeiramente infalível, mas há duas outras coisas igualmente
certas para eles: os "Escritos dos Pais" e os “Decretos da Igreja” (Igreja Católica) ou as
declarações infalíveis do Papa.
Desse modo, nunca poderia haver um debate satisfatório entre católicos e protestantes, ou
entre católicos e batistas, como também nunca seria possível haver uma base de acordo final. A
Bíblia, para os católicos não pode sozinha decidir coisa alguma.
20. Tomemos como exemplo a questão do "Batismo" e autoridade final para o ato e para
a forma. Eles admitem que a Bíblia indiscutivelmente ensina a imersão como única forma. Mas
entendem ao mesmo tempo que a infalível igreja teve perfeito direito de mudar a forma de
imersão para aspersão, mas que os outros não têm esse direito ou autoridade que pertence
somente à autoridade infalível do Papa.
21. O leitor estará notando por certo, e com surpresa talvez, que eu esteja fazendo muito
poucas citações. Estou me esforçando deveras por dar aos leitores em pequeno espaço o que
houve de importante e essencial em 20 séculos de história religiosa.
22. Cabe justamente aqui uma palavra com referência à Bíblia, durante esses séculos
tenebrosos. Lembremo-nos que a Bíblia não era ainda impressa e mesmo não havia papel onde
pudesse ser escrita, ainda mesmo que a imprensa tivesse sido inventada. O material usado para
escrever constava de pergaminhos, que era extraído de peles de cabras ou de carneiros, e papiros,
que constava de polpas de algumas espécies de madeira. Assim, para se imprimir um livro do
tamanho da Bíblia nesse material em caracteres de punho escritos com estiletes em lugar de
penas (como usamos hoje) seria por certo um enorme volume, talvez maior do que o que algum
23
homem pudesse carregar. Não havia, então, mais do que 30 Bíblias competas em todo o mundo.
Eram encontradas muitas porções ou livros da Bíblia, como Mateus, Marcos, Lucas, João, Atos
ou alumas das Epístolas ou Apocalipse ou mesmo livros do Velho Testamento. Sem dúvida que
um dos mairoes milagres em toda a história do mundo segundo o meu modo de pensar - é a união
de pensamento e crença do povo de Deus, no que respeita aos princípios essenciais e vitais do
Cristianismo. Naturalmente, que a única explicação para isso está em Deus. Isto nos faz sentir
agora como é glorioso o fato de possuirmos um exemplar completo da Bíblia, cada uma na sua
própria língua.
23. Seria igualmente proveitoso que pensássemos de um modo especial, sobre um outro
fato vital em relação à Bíblia. Ele já foi ligeiramente mencionado em capítulo anterior a este, mas
é de tal maneira vital que julgamos prudente repetí-lo aqui. Referimo-nos à atitude tomada pelos
católicos no concílio de Toulose, realizado em 1229 D. C, quando decidiram recusar a Bíblia, a
Palavra de Deus, aos "leigos", que constituiam a vasta maioria dos católicos. Estou apresentando
aqui exatamente o que eles decidiram no seu grande concílio. Recentemente um católico
disse-me em particular: "Nosso proprósito nisto é impedir interpretação privada dela". Não é
realmente interessante, que Deus tenha escrito um livro para o povo, mas que o tenha feito de tal
maneira que ao próprio povo seja vedado lê-lo? E, ainda mais, sabendo-se que no dia do juízo a
justificação ou condenação do povo será baseada na obediência aos ensinos desse livro. Não se
maravilhe, pois, da declaração nele contida: "Examinais as Escrituras porque vós cuidais ter
nelas a vida eterna e são elas que de mim testificam”, João 5:39. Tremenda é a responsabilidade
assumida pelos católicos.
CAPÍTULO IV - 17º, 18º e 19º SÉCULOS.
1. Este capítulo começa com o início do século 17 D. C, ano de 1601. Temos passado
rapidamente sobre muitos fatos importantes da história, mas a necessidade nos obrigou a isto.
2. Este período de 300 anos começa com o levantamento de uma denominação
inteiramente nova. Podemos asseverar com certeza que alguns historiadores dão o início da
Igreja Congregacional (primeiramente chamada Independente) como tendo sido em 1602. No
entanto, Schaff-Hersegg, na sua Enciclopédia coloca o seu início bem antes do século 16,
fazendo-o coincidir com o aparecimento dos luteranos e presbiterianos, na grande onda
reformatória, quando muitos dos que sairam da Igreja Católica não estavam satisfeitos com os
resultados da reforma de Calvino e Lutero. Esses decidiram repudiar o governo eclesiástico e a
idéia democrática, conforme o Novo Testamento, e como tinha sido sustentado nos 15 séculos
precedentes por aqueles que recusaram entrar na grande hierarquia de Constantino.
3. O esforço determinado dessa nova organização em uma reforma particular colocou em
perigo a cabeça dos seus aderentes, por parte dos católicos, luteranos, presbiterianos e igreja da
Inglaterra - todas igrejas oficializadas. Por outro lado, mesmo os independents retiveram muitos
erros da Igreja Romana, tais como a prática do batismo infantil, aspersão ou ablução por batismo
e mais tarde adotaram e praticaram num grau extremo a idéia da igreja ligada ao Estado. Depois
de se refugiarem na América, eles mesmos se tomaram cruéis perseguidores.
4. O nome "Independentes" ou como agora chamados "Congregacionistas" (*Nota do
Tradutor - No Brasil a Igreja Congregacional perdeu a sua identidade e forrna democrática de
governo. Também sofreu várias alterações quanto às doutrinas praxes, diferenciando-se de outros
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grupos congregacionais de outras partes do mundo) é derivado do tipo de governo que adotam
para suas igrejas. Alguns dos pontos distintivos da Igreja Congregacional são dados na
Schaff-Hersogg Enciclopéida, como se segue:
(1) Que Jesus Cristo é o único cabeça da igreja e que a Palavra de Deus é a única regra de
fé.
(2) Que as igrejas visíveis são assembléias distintas, de indivíduos piedosos, separados do
mundo por puros propósitos religiosos, não se conformando com ele.
(3) "Congregacionalistas", é derivado do tipo de governo que adotam para escolher seus
próprios oficiais e manter sua própria disciplina.
(4) Que em relação ao seu regime interno, cada igreja é independente da outra e
independente do controle do Estado.
5. Quão diferentes são esses princípios daqueles que o Catolicismo, o Luteranismo, o
Presbiterianismo ou o Episcopado da Igreja da Inglaterra, sustentam! E, por outro lado, como se
assemelham aos batistas de hoje, bem como aos ensinamentos de Cristo e seus Apóstolos!
(*Nota do tradutor – Chamamos novamente a atenção dos leitores para o fato de que a forma
congregacional descrita já não existe entre as Igrejas Congregacionais brasileiras).
6. Em 1611 D. C. apareceu a versão da Bíblia conhecida como a versão do Rei Tiago.
Nunca antes a Bíblia fôra tão espalhada entre o povo. Iniciada a disseminação geral da Palavra de
Deus entre o povo, começou rápido o declínio do poder papal e o início, pelo menos depois de
muitos séculos, da idéia de "liberdade religiosa".
7. Em 1648 D. C. veio a "Paz de Westfália". Entre outras coisas resultantes deste pacto de
paz ressalta-se o tríplice acordo firmado entre as grandes denominações - Católica, Luterana e
Presbiteriana - de não mais perseguir uma à outra. As perseguições entre essas denominações
significavam guerra com os governos que as protegiam. Não obstante, todos os demais cristãos,
especialmente os Anabatistas, continuaram a receber deles o mesmo e duro tratamento, uma
persistente perseguição.
8. Durante todos os 17 séculos as perseguições aos Waldenses, Anabatistas e Batistas (em
alguns lugares o Ana começou a ser deixado) continuaram severamente duras. Na Inglaterra,
João Bunyan e muitos outros, poderiam testificar das perseguições da Igreja da Inglaterra; na
Alemanha a perseguicãao vinha pelos luteranos; na Escócia pela Igreja da Escócia
(Presbiteriana); na Itália, na França e em todos os lugares onde o papado exercia domínio, os
perseguidores eram os católicos. Não havia, agora, paz em nenhum lugar para aqueles que não
concordavam com as Igrejas que tinham feito o acordo com o Estado, ou ao menos com uma
delas.
9. É um fato fora de dúvida, e que parece na história verossímil, que um retrospecto
através da históira, mesmo até o 4º século, nos há de mostrar que eram chamados Anabatistas
todos aqueles que recusavam aceitar como válido o batismo daqueles que tinham sido batizados
na infância, e que recusavam aceitar a doutrina da "Regeneração Batismal" e que rebatizavam
todos aqueles que vinham da Hierarquia. Não obstante também sido apelidados com outros
títulos, agora eram conhecidos somente como "Anabatistas". Já no limiar do século 16 o prefixo
"Ana" caiu e o nome foi encurtado para "Batista", caindo gradualmente todos os outros nomes.
Evidentemente, se Bunyan tivesse vivido num período um pouco mais cedo seus seguidores
teriam sido chamados "Bunitanitas" ou "Anabatistas". Provavelmente teriam sido chamados por
25
ambos os nomes, como aconteceu a outros que os precederam.
10. O nome batista é um apelido e lhes foi dado por seus inimigos. (Se é que não o fôra
dado legitimamente pelo próprio Salvador, quando Ele se referiu a João, como o "Batista"). Até o
dia de hoje o nome batista nunca foi oficialmente adotado por qualquer grupo de batistas. O
nome, entretanto, se fixou e foi voluntariamente aceito e orgulhosamente recebido. Ele se ajustou
perfeitamente. Este foi o nome distintivo do precursor de Cristo, o primeiro a ensinar a doutrina
que os batistas agora mantêm.
11. Vou citar um muito significativo parágrafo sobre a "História dos Batistas na Europa",
extraído da Enciclopédia de Schaff Herzogg, vol. 1, pág. 210: "Os batistas apareceram primeiro
na Suiça em cerca de 1523, onde eles foram perseguidos por Zwinglio e pelos romanistas. Nos
anos seguintes, de 1525 D. C, eles são encontrados com grandes igrejas inteiramente
organizadas, no Sul da Alemanha, Tirol e Alemanha Central. Em todos esses lugares as
perseguições os fizeram sofrer amargamente". (*Nota: - Tudo isto é anterior à fundação das
igrejas protestantes - Luterana, Episcopal, e Presbiteriana).
Continuamos a citação: "A Morávia prometeu um lar com maior liberdade e para lá
muitos batistas emigraram, se bem que para serem decepcionados. Depois de 1534 D. C. os
batistas eram numerosos no Norte da Alemanha, Holanda, Bélgica e nas províncias onde os
celtas predominavam. Eles cresceram ainda durante o governo de Alba (refere-se o autor ao
tirano que conhecemos como Fernando Alvares de Toledo - *Nota do Tradutor) governador dos
países baixos onde desenvolveram um maravilhoso zelo missionário". (Note "Zelo missionário".
E há quem diga que os "Hardshells" são os primitivos batistas). (*Nota do Tradutor – “Os
hardshells” constituem um grupo de crentes que se dizem batistas, mas que não apoiam o
trabalho de missões estrangeiras).
De onde pois, esses batistas vieram? Não sairam da Igreja Católica durante a Reforma.
Eles tinham grandes igrejas, antes da Reforma.
12. Como uma matéria de considerável interesse, notemos as mudanças religiosas na
Inglaterra com o passar dos séculos: O Evangelho foi levado à Inglaterra pelos apóstolos e o selo
apostólico permaneceu na sua religião até depois da organização da Hierarquia no início do
quarto século, e realmente, por mais um século. O Evangelho foi sendo absorvido pelo poder da
Hierarquia a qual ia rapidamente se desenvolvendo na Igreja Católica. Assim permaneceu como
a religião do Estado, até o cismo que ocorreu entre 1534-35 D. C, durante o reinado de Henrique
VIII. Neste tempo foi chamada a Igreja da Inglaterra. Dezoito anos mais tarde, (1553-58),
durante o reinado da rainha Maria (Maria Sanguinária) a Inglaterra voltou a prestigiar os
católicos, correndo o sangue nos cinco anos deste período. Subiu ao trono Elizabete, que era
meio-irmã de Maria, filha de Ana Bolena, a qual subiu ao trono em 1558. Os católicos foram
novamente derrotados e novamente a Igreja da Inglaterra tornou ao poder. Assim a siutação
permaneceu por quase um século, até que a Igreja Presbiteriana tomou por um pouco de tempo a
ascendência, quando parece que ela poderia bem se tornar a Igreja do Estado da Inglaterra, como
na Escócia. Todavia, seguindo ao tempo de Oliver Cromwell, a Igreja da Inglaterra tornou a seu
próprio lugar e continuou então como igreja oficial até hoje.
13. Notemos o gradual abrandamento das condições religiosas na Inglaterra, das difíceis e
terríveis perseguições por parte da Igreja Oficial, por mais de um século.
(1) O primeiro ato de tolerância veio em 1688 D. C, 154 anos depois do início dessa
Igreja. Este ato permitiu o culto por parte de todas as denominações existentes na Inglaterra, com
26
exceção de duas: - os Católicos e os Unitarianos.
(2) O segundo ato de tolerância veio em 1778 D. C, 89 anos mais tarde. Nesse ato foram
incluídos como livres para o exercício do culto, também os católicos. Todavia, os Unitarianos
ainda continuaram impedidos.
(3) O terceiro ato de tolerância veio em 1813 D. C, isto é, trinta e cinco anos mais tarde.
Por este ato, foi dada líberdade aos Unitarianos.
(4) Entre 1828-29 D. C. foi promulgado o que é conhecido como "Test Act” (Ato de
prova) o qual deu aos dissidentes (todos os grupos religiosos que estavam em desacordo com a
Igreja da Inglaterra) acesso aos cargos públicos, bem como ao Parlamento.
(5) Em 1836 e também em 1844 D. C, vieram os atos de "Registro" e "Casamento", pelos
quais foram considerados legais os batismos e casamentos feitos pelos dissidentes.
(6) A "Reform Bill" (ato de libertação) veio em 1854 D. C. Por esse edital foram abertas
as portas das Universidades de Cambridge e Oxford a todos os estudantes dissidentes. Até esse
tempo os filhos dos dissidentes não possuíam o direito de acesso em nenhuma das grandes
instituições.
14. Desse modo, foi a marcha do progresso da idéia da Liberdade Religiosa na Inglaterra.
Mas cremos ser perfeitamente correto afirmar-se que a liberdade religiosa não pode vir em
qualquer país, enquanto nele houver uma igreja oficial. Na melhor das hipóteses, pode haver
nesses países tolerância religiosa, o que certamente está ainda bem distante da verdadeira
liberdade religiosa. Enquanto uma denominação entre várias, num deterrninado país, é amparada
pelo governo com exclusão de todas as outras, este favoritismo e proteção elimina a
possibilidade da absoluta liberdade e igualdade religiosa.
15. Muito próximo do início do século 18, nasceram tres meninos na Inglaterra, os quais
estavam destinados a deixar no mundo uma profunda e indestrutível impressão. Esses rapazes
eram João e Carlos Wesley e George Whitfield.
João e Carlos Wesley nasceram em Epworth (e daqui vem a sugestão para a expressão
"Confederação de Epworth"), o primeiro em 28 de junho de 1703 e o segundo a 29 de março de
1708. George Whitfield nasceu em 27 de dezembro de 1714 na cidade de Gloucester. A história
dessas tres vidas não pode ser narrada aqui, se bem que sejam dignas de serem contadas e
recontadas. Esses tres jovens tornaram-se os pais e fundadores do Metodismo. Eram todos tres,
membros da Igreja da Inglaterra e todos tres estudavam para o ministério, se bem que não
houvessem sido ainda convertidos. O que era muito comum entre os elementos do clero inglês.
Lembremos, todavia, que nesse tempo os pais freqüentemente, se não usualmente, decidiam
sobre a profissão ou linha de vida a ser seguida pelos filhos. Aqueles jovens se converteram mais
tarde, genuína e maravilhosamente.
16. Eles não parece terem tido o desejo de fundar uma nova denominação. Porém se nos
afiguram cheios de desejo e realmente empenhados num reavivamento da pura religião e uma
genuína reforma espiritual na própria Igreja da Inglaterra. Por esse ideal lutaram na Inglaterra e
na América. As portas de suas próprias igrejas logo foram fechadas a eles. Seus serviços eram
freqüentemente realizados ao ar livre, ou em casas particulares ou especialmente quando
dirigidos por Whitfield, nas casas de reunião das outras denominações. A eloqüência de
Whitfield atraía grandemente a atenção por toda parte onde ele ia.
17. A data definitiva da fundação do Metodismo é dificil de ser determinada.
Indubitavelmente o Metodismo é mais velho do que a Igreja Metodista. Seus três fundadores
27
foram chamados metodistas, antes que deixassem o Colégio. As primeiras organizações criadas
por esses homens, eram chamadas "Sociedades". Sua primeira conferência anual foi realizada na
Inglaterna em 1744. A igreja Metodista Episcopal, foi organizada definitivamente na América
em Baltimore no ano de 1784. Seu crescimento tem sido realmente maravilhoso. Mas, quando
eles saíam da Igreja da Inglaterra, ou da Igreja Episcopal, trouxeram um grande número de erros
da igreja mãe e da igreja avó. Por exemplo, o governo episcopal da Igreja (governo exercido por
bispos). Este é o ponto de base para muitas guerras internas e divisões havidas no seio da igreja,
e por causa dele estão destinados a enfrentar ainda outras tantas. O batismo infantil e a aspersão
com forma de batismos etc. Mas há uma outra grande coisa que eles trouxeram de lá e possuem -
uma genuína concepção da religião espiritual.
18. Em 12 de setembro de 1788, nasceu em Antrium, Irlanda, um menino que havia de
criar nos anos seguintes, uma completa transformação religiosa em algumas partes do mundo,
tendo se tornado o fundador de uma nova denominaçãao religiosa. Este menino chamava-se
Alexandre Campbell. Seu pai era um ministro presbiteriano. Chamava-se Thomas Campbell e
veio para a América em 1807. Alexandre, o filho, que estava então no colégio, veio mais tarde.
Tendo mudado de ponto de vista eles deixaram os presbiterianos e organizaram um corpo
independente, ao qual chamavam a "Associação Cristã", conhecida como "The Brush Run
Church". Em 1811 eles adotaram a imersão como batismo, tendo conseguido persuadir um
pregador batista de os batizar, se bem que o tivessem feito entender que eles não estariam unidos
por isso à Igreja Batista. O pai, mãe e Alexandre foram todos batizados. Em 1813 essa igreja
independente uniu-se à Associação Batista de Red Stone. Dez anos mais tarde, por causa da
controvérsia, deixaram essa associação e ingressaram em outra. As controvérsias continuaram a
se levantar e eles deixaram essa segunda associação. É de direito dizer-se que eles nunca foram
batistas, nem tenho visto documentos que digam terem eles em algum tempo se mostrado batistas
ou dito que o eram.
19. Seríamos injustos à história cristã e, especialmente à história dos Batistas, se não
disséssemos algumas palavras a respeito de João Bunyan. Em muitos aspectos é o pregador
batista João Bunyan, um dos mais célebres homens da história inglesa, e mesmo da história do
mundo. João Bunyan, que esteve preso 12 anos em Bedford, Inglaterra. João Bunyan, que
enquanto preso escreveu o mais famoso e o mais lido livro depois da Biblia - "O Peregrino". João
Bunyan, um dos mais notáveis exemplos de sofrimento e perseguição por amor do Cristianismo.
E a história de Maria Bunyan, filha cega de João Bunyan, que deveria estar na biblioteca
de cada Escola Dominical. Há muitos anos que ela estava fora de circulação. Mas creio que agora
foi impressa novamente. Eu quase posso desafiar a qualquer homem ou mulher, menino ou
menina, a ler essa história e conservar os olhos enxutos!
20. Uma outra coisa que mereceria ao menos algumas poucas palavras nestas linhas, é o
que diz respeito a Gales e aos batistas de lá. Uma das mais sensacionais histórias na literatura
cristã é a história dos Welch Baptists (Os Batistas de Gales). Os Batistas dos Estados Unidos
devem mais aos Batistas de Gales, do que eles próprios pensam. Algumas igrejas batistas
completamente organizadas, emigraram de uma vez de Gales para os Estados Unidos. (Orchard
p. 21-23; Ford Chap. 2).
21. A História do começo do Cristianismo em Gales é extremamente fascinante, e dela
isto parece ser verdade. Começa no Novo Testamento (Atos 28:30-31; II Timóteo 4:21). A
história de Cláudio e Pudens, sua visita a Roma, sua conversão depois de ouvir uma pregação de
28
Paulo, trazendo na volta o Evangelho a Gales, sua Pátria, é altamente interessante. Paulo estava
pregando em Roma em cerca de 63 D. C. Logo depois, Cláudio, Pudens e outros, entre os quais
os dois pregadores, trouxeram o mesmo Evangelho para a Inglaterra, especialmente para Gales.
O quão poderosamente os Batistas de Gales têm ajudado aos Batistas da América, dificilmente
poderá ser avaliado.
CAPÍTULO V - A RELIGIÃO NOS ESTADOS UNIDOS
1. Através do Espanhol e de outras raças latinas, que professam o catolicismo, vieram os
primeiros representantes da religião cristã nas Américas Central e do Sul. Na América do Norte,
a exceção do México, o catolicismo nunca conseguiu dominar. No território atualmente ocupado
pelos Estados Unidos, exceto em algumas partes que eram no tempo da colonização pertencentes
ao México, os católicos nunca conseguiram se tornar bastante fortes, não obstante tem tido sua
religião estabelecida por lei.
2. O início do período colonial data do princípio do século 17, quando os primeiros
grupos de colonizadores se estabeleceram na Virgínia e um pouco mais tarde no território hoje
conhecido como "Estados de Nova Inglaterra". As religiosas, ou melhor dizendo, as irreligiosas
perseguições na Inglaterra e no Continente, estavam, ao menos entre as principais razões que
motivaram o estabelecimento das primeiras colônias nos Estados Unidos. Dentre os primeiros
grupos de emigrantes, não se incluindo o "Jamestown" (1607) e os emigrantes conhecidos como
"Puritanos" que eram "Congregacionalistas". O Governador Endicott dirigia aquela colônia. O
outro grupo era dos Presbiterianos. Entre esses dois grupos existia, todavia, um grupo de cristãos
com pontos de vista diferentes, os quais buscavam abrigar-se da perseguição.
RASTO DE SANGUE NA AMÉRICA DO NORTE
3. Os refugiados Congregacionalistas e Presbiterianos estabeleceram colônias diferentes e
dentro desses territórios criaram leis próprias e peculiares a seus pontos de vista religiosos. Em
outras palavras, o Congregacionalismo e o Presbiterianismo mantinham, pela lei, seus pontos de
vista. Isto trazia a exclusão absoluta de todas as demais religiões. Eles que havia fugido de Mãe
Pátria com as marcas sanguinolentas da perseguição, buscando estabelecer um lar de liberdade
para si mesmos, logo depois de se estabelecerem em suas próprias colônias e de receberem a
autoridade na nova terra, negaram a liberdade religiosa aos outros, e praticaram contra eles os
mesmos métodos terríveis de perseguição, especialmente para com os Batistas.
4. As Colônias de Virgínia e Carolina do Norte e do Sul foram povoadas em sua maior
parte por aderentes da Igreja da Inglaterra. Os pontos de vista religiosos da Igreja da Inglaterra
foram estabelecidos nessas colônias. Assim, na nova terra da América, onde havia muitos
Congregacionalistas, Presbiterianos e Episcopais, os quais vieram ali em busca do Privilégio de
adorar a Deus conforme os ditames da sua própria conciência, havia desde cedo três Igrejas
Oficiais. Não existia liberdade religiosa para qualquer exceto para aqueles que haviam
conseguido o poder governamental. Os filhos de Roma estavam seguindo as pegadas
sanguinolentas de sua mãe. Sua reforma estava ainda longe de ser completa.
5. Entre os imigrantes da América vieram também muitos batistas que se achavam
dispersos (alguns deles ainda chamados Anabatistas). Havia, provavelmene, em cada um dos
navios que vinham da Europa para a América, alguns batistas. Eles vieram em grupos
relativamente pequenos e nunca em grandes grupos. Não teria sido permitido a eles virem desta
29
forma. Todavia eles continuavam vindo. Antes das colônias se estabelecerem definitivamente, os
batistas eram numerosos e espalhados por toda parte. Logo, entretanto, começaram a sentir o
peso de mãos das três igrejas oficiais. Por causa da terrível ofensa de "pregar o Evangelho" e de
"rejeitar o batismo para suas criancinhas", por "combater o batismo infantil" e coisas parecidas
que a consciência batista rejeitava, por causa disto, foram eles intimados, presos, multados,
chicoteados e até banidos de suas propriedades. Tudo isto aqui na América do Norte. De muitas
fontes darei umas poucas ilustrasões.
6. Antes que a Colônia de "Massachesetts Bay" atingisse 20 anos, tendo a Igreja
Congregacional como Igreja do Estado, já haviam sido estabelecidas leis contra os batistas e
outros. O exemplo que segue é a amostra de uma dessas leis: "É ordenado e aceito, que qualquer
pessoa ou pessoas desta Jurisdição, que abertamente condene ou se oponha ao batismo infantil ou
que secretamente induza outros que o aprovem a negá-lo, ou que propositadamente saia da
congregação, durante o ato de administração da ordenança, depois de determinado tempo de
condenação - cada uma dessas pessoas ou pessoa será banida da colônia". Esta lei foi legislada
especialemnte contra os batistas.
7. Roger Williams, e outros foram expulsos desta colônia pelas próprias autoridades.
Uma expulsão na América, por aquele tempo, significava algo de desesperadamente sério.
Significava ser lançado no meio dos índios. Uma vez expulso Williams foi recebido gentilmente
no meio dos índios e viveu muito tempo entre eles. Depois de ser expulso ele trouxe uma grande
bênção à colônia que o banira. Salvou-a da destruição planejada por aquela tribo que o acolhera.
Desta forma ele retribuiu o mal com o bem.
8. Mais tarde Roger Williams, juntamente com outros, alguns dos quais, ao menos,
tinham sido banidos deste e de outras colônias, encontrou João Clark, um pregador batista, e
decidiram organizar uma colônia própria. Como ainda não possuissem autoridade legal da
Inglaterra para realizar isto pensaram que seria um passo mais acertado, sob as condições
vigentes, formá-la mesmo sem autorização do que permanecer nas colônias existentes sob o peso
das terríeis restrições religiosas a que estavam expostos. Acharam então uma pequena parte de
terra que ainda não havia sido reclamada por qualquer das colônias existentes, e nela se
estabeleceram, ficando então conhecida como Rhode Island. Estava-se no ano de 1638, 10 anos
depois do estabelecimento da Colônia de "Massachussetts Bay", mas somente 12 anos mais tarde
(1663) eles conseguiram o reconhecimento legal.
9. No ano de 1651 (?) Roger Williams e João Clark foram enviados pela Colônia à
Inglaterra para assegurar, se possível, a perrnissão legal para o estabelecimento definitivo dessa
colônia. Oliver Cromwell era então o primeiro ministro, mas por qualquer razão negou-se em
atender ao pedido deles. Roger Williams voltou ao seu lar na América. João Clark permaneceu
na Inglaterra para insistir no pedido. Anos se passaram, Clark continuou a insistir. Finalmente
Cromwell perdeu a sua posição e Carlos II estava no trono da Inglaterra. Não obstante Carlos
aparecer na história como um dos mais terríveis perseguidores dos cristãos, foi ele que em 1663
autorizou a licença. Assim Clark, após 12 longos anos de espera voltou ao seu lar, trazendo a
licença. Desta forma, em 1663, Rhode Island se tornou legalmente uma colônia e os batistas
puderam escrever sua própria constituição.
10. Esta Constituição foi escrita e atraiu a atenção do mundo inteiro. Nela apareceu pela
primeira vez a declaração da "Liberdade Religiosa" no mundo. A batalha pela liberdade religiosa
30
na América, constitue em si mesma uma grande história. Aparentemente os batistas lutaram
sozinhos por um longo tempo. Todavia, eles não lutaram para si somente, mas por todos os povos
de todas as religiões. Rhode Idand, a primeira colônia batista, estabelecida por um pequeno
grupo de batistas, depois de 12 anos dos maiores esforços para sua legalização, tornou-se o
primeiro lugar sobre a face da terra, onde a liberdade religiosa foi estabelecida por lei. A colônia
foi iniciada em 1638 e legalizada em 1663.
11. Foram organizadas duas igrejas batistas nesta colônia, antes mesmo da sua
legalização. Quanto à data exata do estabelecimento de, ao menos uma dessas igrejas, os batistas
não estão unânimes. Todos parecem concordar com a organização de uma delas - a de
Providência - em 1639 por Roger Williams. Para a igreja organizada em Newport por João Clark,
todo o testemunho dos anos subseqüentes parece dar como data de organização o ano de 1638.
Todos os testemunhos anteriores a esses parecem colocar a data da organização alguns anos mais
tarde. A igreja organizada por Roger Williams em Providência durou poucos meses. A
organizada por João Clark ainda permanece. Minha própria opinião sobre essas datas, baseada
em toda informação disponível, é que a data correta para a Igreja de Newport é a de 1638.
Pessoalmente eu acho que essa é a data correta.
12. Com respeito às perseguições em algumas das colônias americanas vamos mencionar
alguns exemplos. De certa feita, estava enfermo um dos membros da igreja de João Clark. A
família morava na Colônia Massachusetts Bay, a poucos passos da divisa, João Clark e um
pregador visitante de nome Crandall e um leigo de nome Obadias Holmes, foram visitar a família
enferma. Enquanto eles estavam realizando um culto de oração com a família doente, um oficial
ou oficiais da colônia prenderam-nos e mais tarde foram apresentados perante o tribunal para
serem processados. Também é dito na história que para arranjar uma acusação mais forte contra
eles, foram levados para uma reunião religiosa da igreja deles (Congregacional) tendo suas mãos
amarradas. A acusação deles foi a de não "tirarem seus chapéus num serviço religioso".
Todos foram processados e condenados. O Governador Endicott estava presente.
Zangado disse a Clark, durante o julgamento: "Tendes negado o batismo infantil" (isto não era
acusação contra eles). "Mereceis morrer. Não quero um traste deste em minha jurisdição". Como
pena deviam pagar uma multa ou serem bem açoitados. A multa de Crandall (e visitante) foi de
cinco libras (quinhentos cruzeiros); a pena de Clark (o pastor) foi de 20 libras (dois mil
cruzeiros). A multa de Holmes (os registros dizem que ele foi congregacional antes de se tornar
batista) foi de 30 libras ou sejam 3.000 cruzeiros. As multas de Clark e Crandall foram pagas por
amigos. Holmes recusou igual obséquio alegando que não havia errado, razão porque foi bastante
chicoteado. Os arquivos dizem que ele "se despira até a cintura" e que foi açoitado (com chicote
tipo especial) até que o sangue lhe cobriu as costas, descendo pelas pernas até lhe encher os
sapatos! Dizem ainda que o seu corpo foi de tal maneira escoriado que por mais de duas semanas
ele não podia deitar, porque incisuras lhe impediam de tocar o leito. Para que pudesse dormir
era-lhe necessário o estirar-se, tendo os joelhos e cotovelos no chão, como suporte ao corpo. Li
todas as memórias que existem em relação ao açoitamento e demais sofrimentos de Holmes, bem
com as suas declarações. Dificilmente esse drama poderia ter sido mais brutal. E isto aqui na
América do Norte!
13. Painter foi outra vítima, também chicoteado porque recusou "batizar o seu filho",
tendo dado opinião de que o "batismo infantil" era uma ordenança anti-cristã. Por causa dessas
ofensas Painter foi amarrado e chicoteado. O governador Wintrop diz-nos que Painter foi
açoitado "por reprovar a ordenança do Senhor".
31
14. Na colônia onde o Presbiterianismo era religião oficial dos dissidentes (Batistas e de
outras seitas) não tiveram melhor acolhida do que na colônia de Massachusetts Bay, onde o
Congregacionalismo era a Religião do Estado.
Nesta colônia havia uma comunidade Batista. Somente cinco famílias não o eram. Como
batistas reconheciam as leis sob as quais estavam e, conforme nos dizem os documentos,
obedeceram-nas. Ocorreu então o seguinte incidente:
Foi decidido pelas autoridades que seria construída uma casa de cultos para os
presbiterianos, na comunidade batista. O único caminho para se conseguir isto seria o de se criar
um imposto especial. Os Batistas reconheceram aos presbiterianos a autoridade de criar essa
nova taxa, mas fizeram ao mesmo tempo uma petição - "Estamos iniciando nossa comunidade.
Nossas pequenas casas foram há pouco construídas e acabamos de plantar nossas pequenas
hortas e jardins. Nossos campos não estão ainda limpos. Além disto estamos pagando um
imposto para a construção de uma fortaleza que nos ponha a seguro dos ataques dos índios. Não
poderemos, possivelmente, pagar outra taxa agora". Esta é somente a súmula da petição que
fizeram. A taxa foi criada. Não lhes seria possível pagá-la logo. Um leilão foi, pois, anunciado.
As vendas foram feitas. Suas casas, jardins, hortas, e até cemitérios foram vendidos. Somente
não o foram os campos ainda não preparados. Uma propriedade avaliada em 363 libras e 5
shillings foi vendida por 35 libras e 10 shillings. Algumas dessas propriedades haviam sido
compradas pelo ministro presbiteriano que ia pregar lá. A comunidade foi abandonada e deixada
em ruínas.
Um grande livro poderia ser cheio dessas leis opressivas. Taxas terríveis e desrespeitos
flagrantes foram desfechados duramente contra os batistas. Mas aqui não podemos entrar nesses
pormenores.
15. Nas colônias do Sul, através dos Estados de Carolina do Norte e do Sul, e
especialmente Virgínia, onde a Igreja da Inglaterra dominava, a perseguição aos Batistas foi séria
e continuada. Muitas vezes seus pregadores foram multados e aprisionados. Desde o início do
período colonial até a Guerra da Independência, mais de 100 anos, portanto, a perseguição aos
Batistas foi continuada.
16. Daremos agora alguns exemplos das perseguições aos Batistas da Virgínia e seria
interessante notar que Virgínia foi o segundo lugar no mundo onde a liberdade religiosa foi
adotada, seguindo a Rhode Island. Mas isto foi um século mais tarde. Antes disto, cerca de 30
pregadores em tempos diferentes foram presos, tendo como única acusação contra si o fato de
"pregarem o Evangelho do Filho de Deus". Jaime Ireland é um exemplo. Ele foi preso. Depois
disto os seus inimigos experimentaram matá-lo a pólvora. Tendo falhado neste primeiro esforço
quiseram sufocá-lo até a morte, usando enxofre, que ardia sob as janelas da prisão. Tendo
falhado outra vez, tentaram envenená-lo com o auxílio de um médico. Tudo falhou. E Ireland
continuou a pregar para o seu povo das janelas da prisão. Um muro foi construído em redor da
cela para impedir que o povo o visse ou fosse visto por ele, mas ainda esta dificuldade foi
vencida. O povo amarrou um lenço à ponta de uma vara comprida a qual era levantada para
mostrar a Ireland que todos estavam reunidos. As pregações continuaram.
17. Três outros ministros batistas (Luiz e José Craig e Aarão Bledsoe) foram presos mais
tarde com a mesma acusação. Um deles ao menos era parente de R. E. B. Baylor e possivelmente
um ou mais outros pastores batistas de Texas. (*Nota doTradutor – R. E. B Baylor foi um dos
fundadores da "Baylor University", a maior universidade batista do mundo, com sede em Waco,
32
Texas. Sua matrícula já atingiu um número superior a 3000 alunos!). Estes ministros foram
chamados perante o tribunal para serem processados. Patrick Henry, tendo ouvido isto veio a
cavalo de grande distância e, não obstante pertencer à igreja deles. Grande foi a sua defesa. Não
posso dar aqui uma descrição da mesma. Ela encantou o tribunal. Os pastores foram libertados.
18. Como em Rhode Island e outros lugares a liberdade religiosa veio devagar e por
partes. Por exemplo: Em Virgínia foi promulgada uma lei dando permissão aos municípios de
terem um pastor batista, mas somente um. O pastor poderia pregar um só vez de dois em dois
meses. Mais tarde esta lei foi modificada, permitindo a pregação uma vez cada mês. Mas, ainda,
assim em um só lugar do município e um único sermão naquele dia, mas nunca pregado à noite.
Outras leis foram passadas não somente na Virgínia mas em outros lugares, proibindo
positivamente qualquer trabalho missionário. Quem sabe foi esta lei a causa de ter sido Judson o
primeiro missionário norte-americano no estrangeiro? Passou-se longo tempo e muitas batalhas
foram travadas na Câmara da Virgínia para que essas leis fossem grandemente modificadas.
19. Evidentemente um dos maiores obstáculos à liberdade religiosa na América e
provavelmente em todo o mundo, foi a convicção dominante entre os povos através dos séculos
de que é impossível o desenvolvimento da religião sem o apoio financeiro governamental.
Nenhuma denominação poderia, segundo essa idéia, prosperar; simplesmente pelas ofertas de
seus aderentes. Este foi um argumento difícil de ser vencido, ao ser iniciada a batalha pela
desoficialização da Igreja da Inglaterra no Estado de Virgínia, como também mais tarde no
Congresso Nacional, ao ser discutido esse mesmo assunto. Por longo tempo os batistas
batalharam quase sozinhos.
20. Rhode Island começou sua colônia em 1638, mas não foi legalmente reconhecida até
1663. Foi o primeiro lugar do mundo onde a liberdade religiosa foi conseguida. O segundo lugar
foi Virgínia em 1786. O primeiro artigo da Constituição norte-ameicana, segundo o qual seria
garantida a liberdade religiosa para todos os homens, deveria entrar em vigor a 15 de dezembro
de 1791. Os Batistas são reconhecidos como os líderes do movimento que trouxe essa bênção à
nação.
21. Citemos um dos primeiros incidentes ocorridos na Câmara Federal, com relação a
esse assunto. Estava sendo discutida a conveniência dos Estados Unidos terem uma igreja oficial
ou várias igrejas oficiais ou a liberdade religiosa.
Várias diferentes propostas foram feitas. Uma recomendava que a Igreja da Inglaterra
fosse reconhecida como oficial. Outra que fosse a Igreja Congregacional a oficial, e, ainda
outros, optavam pela Presbiteriana. Muitos Batistas, provavelmente nenhum deles membro do
Congresso, estavam pugnando pela absoluta liberdade religiosa. James Madison, (mais tarde
presidente) era o defensor principal deles.
Patrick Hemy levantou-se e fez uma proposta substitutiva para todas: "Que as quatro
igrejas ou denominações - Igreja da Inglaterra (Episcopal), Congregacional, Presbiteriana e
Batista fossem consideradas oficiais.
Finalmente, cada representante sentiu que a sua denominação não poderia - segundo essa
proposta - ser a oficial. Foi resolvido, então, por eles que a proposta de Henry fosse aceita,
prontificando-se a tomar o compromisso nessa base. (Segundo esta porposta substitutiva cada
indivíduo estava no direito de decidir qual denominação seria beneficiada pelos impostos pagos
por ele). Os Batistas continuaram a lutar contra tudo isto; qualquer união entre a Igreja e o
Estado estava contra os seus princípios fundamentais, razão porque eles não aceitavam isto,
33
ainda que fosse votado. Henry insistiu com eles para que aceitassem isto, disse que ele estava se
esforçando por ajudá-los e que eles não viveriam sem esse auxílio, mas ainda assim eles
continuaram recusando. Feita a votação, a proposta de Henry foi aceita quase que por
unanimidade. Mas a proposta tinha de ser votada três vezes. Os Batistas dirigidos por Madison e
possivelmente por outros, continuaram a lutar. Veio a segunda votação. Novamente foi a
proposta quase unanimemente aceita, em parte devido a grande eloqüência de Henry. Mas faltava
ainda a terceira votação. Parece que Deus interveio a este tempo. Henry foi nomeado Governador
de Virgínia e deixou o Congresso. Vinda a terceira votação a eloqüência de Henry não foi sentida
e a proposta caiu.
Assim os Batistas quase se tornaram uma denominação oficializada, apesar do seu mais
solene protesto. Esta não é a única oportunidade que os Batistas tiveram de se tornar uma
denominação estabelecida por lei, mas é, provavelmente, a experiência que mais perto disto os
levou.
22. Não muito depois desse tempo a Igreja da Inglaterra perdeu inteiramente a
oficialização na América. Nenhuma denominação religiosa tinha o apoio do Governo Federal (se
bem que em poucos estados ainda houvesse algum oficialismo). A Igreja e o Estado, daí por
diante foram completamente separados nos Estados Unidos. Estes dois- a Igreja e o Estado -
tinham vivido em toda a parte por mais de 1.500 anos (desde 313) num casamento altamente
ilícito.
A Liberdade Religiosa, pelo menos nos Estados Unidos, ressucitou para não mais morrer;
e agora, gradualmente ela vai se infiltrando em outros lugares através do mundo.
23. Esta morte, todavia, foi tarefa altamente difícil. A igreja e o estado continuaram
unidos em vários estados, depois de ter sido colocada na Constituição dos Estados Unidos a
liberdade religiosa. O Estado de Massachusetts onde a idéia da união de igreja e estado foi
primeiramente aceita na América do Norte como já dissemos, finalmente cedeu à liberdade
religiosa. Isto só veio depois de 2 e meio séculos. O Estado de Utah é o único lugar que desfigura
a "Liberdade Relgiosa" na terra em que ela nasceu e que é uma das maiores do mundo a lhe dar
absoluto prestígio. Convém lembrar que não pode haver uma absoluta liberdade religiosa em
qualquer nação onde o govemo subvenciona uma qualquer denominação religiosa.
24. Algumas interessantes perguntas têm sido feitas muitas vezes aos batistas:
"Aceitariam eles, como denominação, a oferta de qualquer nação para a sua "oficialização" se tal
país pudesse livremente fazer esta oferta? E, caso aceitassem esta oferta, tornar-se-iam eles
perseguidores de outros, como dos Católicos, Episcopais, Luteranos, Presbiterianos ou
Congregacionais? Provavelmente que uma pequena consideração a essas indagações não seria
inútil. Tem tido os batistas de fato estas oportunidades? Porventura recordais da história de
quando em certa ocasião o Rei dos Países Baixos (que naquele tempo compreendia num só grupo
a Noruega, Suécia, Bélgica, Holanda e Dinamarca) tinha em profunda consideração a questão de
uma religião oficial? Seu reino estava cercado por todos os lados de nações que tinham igrejas
oficiais - sustentadas pelo governo civil.
Diz a história que o Rei da Holanda nomeou uma comissão para examinar os princípios
de todas as denominações existentes lá, para verificar a que mais se aproximava da Igreja do
Novo Testamento. A Comissão voltou com o relatório de que os batistas eram os melhores
representantes dos ensinos do Novo Testamento. Então o rei ofereceu para "oficializar" a
denominação batista em seu reinado. Os batistas gentilmente agradeceram-lhe a oferta, mas
declinaram dela, alegando que isto era contrário às suas convicções e princípios fundamentais.
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Mas não foi esta a única oportunidade que lhes oferecida de ter a sua denominação como
uma religião oficial. Eles certamente tiveram a mesma oportunidade quando a colônia de Rhode
Island foi fundada. E, teria sido impossível a um batista perseguir outros e continuar sendo
batista. Eles foram os primeiros advogados da "Liberdade Religiosa". Este é realmente um dos
artigos fundamentais da sua fé. Eles crêem na absoluta separação entre a igreja e o estado.
25. Tem sido tão forte a convicção dos batistas na questão da separação entre o estado e a
igreja que eles têm declinado invariavelmente de todas as ofertas de ajuda por parte do estado.
Daremos dois exemplos em seguida: Um em Texas e outro no México. Há muitos anos passados,
quando a Universidade de Baylor estava no início, o estado de Texas ofereceu ajudá-la. A
universidade declinou do auxílio não obstante estar em grande necessidade. Os Metodistas de
Texas tinham iniciado uma escola neste mesmo tempo. Eles aceitaram o auxílio do estado; esta
escola finalmente caiu nas mãos do estado.
O caso do México ocorreu assim: W. D. Powell era nosso missionário no México. Por seu
trabalho tinha conseguido criar uma impressão favorável aos batistas, diante do Governador
Madero do Esado de Coahuila, México. Madero ofereceu uma grande oferta do governo aos
batistas, para o estabelecimento de uma boa escola no estado de Coahuila. A questão foi
submetida por Powell à Junta de Missões Estrangeiras. Foi rejeitada porque era do estado. Mais
tarde Madero deu pessoalemente uma grande quantia e foi aceita e o Instituto Madero foi
construído e estabelecido.
ALGUMAS PALAVRAS FINAIS
1. Durante todo o período da "Idade Média" muitos cristãos e muitas igrejas locais,
independentes, algumas das quais com data contemporânea aos Apóstolos, as quais nunca em
qualquer tempo se ligaram à Igreja Católica. Esses grupos rejeitaram inteiramente os católicos e
suas doutrinas. Este é um fato claramente demonstrado pela história verossímil.
2. Tais cristãos foram sempre objeto de amarga e contínua perseguição. A história mostra
que durante o período da Idade Média, contando-se desde o seu início em 476 D. C, houve perto
de 50 milhões desses cristãos os quais sofreram a morte pelo martírio. Muitos milhares de outros,
quer precedendo ou sucedendo à Idade Média, pereceram sob o mesmo terror de mãos
perseguidoras.
3. Aqueles cristãos, durante esses muitos séculos de trevas foram tratados por muitos e
diferentes nomes, todos dados por seus inimigos. Esses nomes foram dados algumas vezes por
causa de um líder heróico ou por outras causas; muitas vezes também, deu-se o caso de grupos
que sustentavam os mesmos pontos de vista, serem tratados por nomes diferentes, em localidades
diferentes. Mas, não obstante todas essas mudanças de nomes, havia um nome especial, uma
designação preferida, a qual se aplicava ao menos a um grupo de cristãos através de toda a
"Idade Média". Esta designação era a de "Ana-Batista", uma palavra composta que surgiu para
designar um grupo de cristãos que apareceu na história durante o terceiro século; interessante
notar que surgiu logo depois do batismo infantil e, o que é mais sugestivo ainda, apareceu antes
do uso do nome Católico. Assim, "Anabatista” é o mais antigo nome denominacional da história.
4. Uma remarcante peculiaridade desses cristãos foi e continuou a ser nos séculos
sucessivos a rejeição à doutrina humana do "Batismo Infantil", razão porque exigiam o rebatismo
de todos aqueles que vinham se filiar a eles, mesmo quando tivessem sido batizados na infância.
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Por causa desta peculiaridade eles foram chamados "Anabatistas".
5. Esta designação especial foi aplicada a muitos dos Cristãos que tinham recebido outros
apelidos; especialmente isto se deu com os Donatistas, Paulicianos, Albingenes, Antigos
Waldenses e outros. Nos séculos subseqüentes essa designação passou a ser aplicada a um grupo
distinto. Estes eram então simplesmente chamados "Ana-Batistas" e gradualmente, todos os
outros nomes foram caindo do uso. Muito cedo no século 16, antes ainda da origem da Igreja
Luterana, a primeira de todas as Igrejas Protestantes, a palavra "ana" foi entrando em desuso e
eles foram simplesmente chamados "Batistas".
6. Antes e durante a "Idade Média" houve um grupo de muitas igrejas que nunca, em
qualquer tempo, se identificaram com os católicos. Depois da "Idade de Trevas" houve um grupo
de muitas igrejas, que nunca tiveram qualquer identificação ou ligação com os católicos.
As seguintes são algumas das doutrinas fundamentais que esse grupo seguia quando
entrou na Idade Média. São as mesmas doutrinas que ele seguia quando saiu da Idade Média. São
as mesmas doutrinas fundamentais que o mesmo grupo ainda agora segue:
DOUTRINAS FUNDAMENTAIS
1. Uma igreja espiritual, tendo Cristo por fundador, único cabeça e legislador.
2. Duas ordenanças somente: o Batismo e a Ceia do Senhor. São tipos e memoriais, não
sacramentos.
3. Seus oficiais constituem só duas classes: bispos ou pastores e diáconos. São servos da
igreja.
4. Seu governo é uma pura democracia. Executiva somente, não legislativa.
5. Suas leis e doutrinas estão no Novo Testamento e nele somente.
6. Seus membros: crentes unicamente, salvos pela graça, não por obras, mas através do
poder regenerador do Espírito Santo.
7. Suas exigências: os crentes são recebidos na igreja pelo batismo, que é administrado
por imersão, seguindo em obediência a todas as leis do Novo Testamento.
8. As várias igrejas são separadas e independentes na execução de leis e de disciplina,
bem como na sua responsabilidade diante de Deus; - cooperam, entanto, no trabalho.
9. Completa separação entre a igreja e o estado.
10. Absoluta liberdade religiosa para todos.
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EXPLICAÇÃO DO MAPA DO RASTO DE SANGUE
Ilustrativo da história das Igrejas Batistas, desde o tempo do seu fundador, o Senhor Jesus
Cristo, até o século 20.
1. O propósito deste livro e mapa é mostrar de acordo com a História, que os batistas não
tem quebrado a linha das igrejas desde Cristo, tem cumprido, pois a Sua profecia: “Edificarei a
minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. Mateus 16:18. Nas igrejas
irregulares está claramente mostrado o crescimento do Protestantismo e Catolicismo. Os batistas
não são Protestantes, uma vez que não saíram da igreja Católica.
2. Entre as duas primeiras linhas verticais encontra-se o primeiro século, entre as duas
seguintes o segundo século, etc.
3. As linhas horizontais em baixo tem entre elas os apelidos dados aos Batistas no correr
dos anos: Cristãos, Novacianos, Montanistas, Paulicianos e Waldenses.
4. Os círculos vermelhos representam igrejas batistas, começando com a primeira igreja
em Jerusalém, fundada por Cristo, durante seu ministério terreno, da qual saíram as igrejas da
Judéia e Antioquia, etc. O vermelho quer significar que elas foram perseguidas. Não obstante as
mais terríveis oposições e perseguições, as Igrejas Batistas são encontradas em cada século. O
primeiro apelido que receberam foi o de Cristãos, o segundo Ana-Batistas e assim por diante.
Desejamos lembrar que a Idade Média é representada pelo espaço pontuado em preto. Desde esse
tempo podemos notar uma linha contínua de igrejas chamadas “Ana-Batistas”. Elas foram e
continuam terrivelmente persiguidas quase até à morte, pelos Católicos. No início do século 16 o
prefixo “Ana” caiu e elas passaram a ser chamadas simplesmente “Batistas”.
5. Os círculos pretos representam as igrejas que aceitaram o erro e que por essa razão são
chamadas “Igrejas Irregulares”.
O primeiro erro surgiu na questão do governo da igreja. Os pastores assumiam uma
autoridade que não lhes fora dada por Cristo. Os pastores das grandes igrejas começaram a
reclamar autoridade sobre os pastores e as igrejas menores. Desta forma no século 3º já a
hierarquia Romana estava estabelecida. O Imperador Constantino convocou uma chamada em
313, convidando a todas as igrejas para enviarem representantes para formar um concílio. As
igrejas em vermelho, que eram as Igrejas Batistas, recusaram atender ao convite, mas as igrejas
irregulares o responderam.
O Imperador se fez cabeça desse grupo de igrejas e o grupo de igrejas conhecidas como
irregulares se tornou a Igreja do Estado. O Imperador continuou como cabeça até Leão II
reclamou a si a autoridade de Pedro. Assim pode ser visto como o erro iniciado no governo da
igreja se transformou no papado.
No século 16 as Igrejas Protestantes começaram a sair da Igreja Romana. Elas são
chamadas protestantes porque protestaram contra os erros do catolicismo.
6. Foi no ano 251 que os batistas declaram não compactuar com as igrejas irregulares.
Recusaram aceitar o batismo administrado na infância ou para a salvação, donde lhes veio o mais
antigo apelido: “Ana-Batistas”, que significa rebatizadores.
PRIMEIRA IGREJA BATISTA
Jardim das Oliveiras, Rua Dr. João Maciel Filho, 207; 60.821-500 Fortaleza, CE
Cultos: Domingos as 9h e 19h; Quartas as 19h30min
Sites: http://www.geocities.com/wbtbrazil, http://br.geocities.com/batistacatanduva
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TODOS SEJAM BEM VINDOS!
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